Pedro Loureiro: “Gostava muito de ver a Terra do Espaço, mas não sei se vou conseguir.”
Pedro Loureiro: “Gostava muito de ver a Terra do Espaço, mas não sei se vou conseguir.”
Um dos primeiros estudantes de sempre de Engenharia Aeroespacial em Portugal, João Pedro Loureiro é fundador da Eptune e um apaixonado por desportos radicais — tanto que até decidiu fundar uma startup. Pratica canyoning e kitesurf frequentemente, BTT e escalada às vezes, mas tudo o que tem que ver com a Natureza fascina-o. Natural de Braga, tem no Gerês o seu sítio preferido e na paternidade a maior surpresa da vida. Em abril de 2020 e em plena pandemia, andou de carro pela Europa toda, porque “a empresa não podia parar”.
O que é a Eptune?
A Eptune surgiu de uma necessidade da indústria eólica, que tem que ver com a sazonalidade da manutenção, em particular das pás das torres eólicas. Este é um dos componentes que sofre mais desagaste numa turbina eólica e as principais reparações que são feitas são quando, por exemplo, um raio ou um trovão danifica a pá. Isto normalmente é um dano destrutivo e, portanto, é preciso reconstruir localmente a pá — este é um dos danos típicos que ocorrem numa turbina eólica, juntamente com a própria fadiga ou desagaste da pá. Estes problemas têm de ser reparados de forma frequente, mas atualmente só consegues atuar em condições meteorológicas amenas.
Então só podes fazer essas manutenções em certas alturas?
Sim. Isto leva a que durante um ano inteiro tenhas apenas 25 semanas em que consegues fazer essas manutenções. Além disso, durante essas 25 semanas há dias de nevoeiro — como hoje (risos) —, de chuva e que te impedem, uma vez mais, de fazer essas manutenções. Tipicamente, em 20% a 30% dos dias dessas 25 semanas também não consegues fazer essas intervenções, o que tem, obviamente, muitos impactos económicos — perdes produção de energia elétrica, as equipas que fazem estas manutenções têm um layoff muito grande.
E a Eptune quer resolver isso.
Exatamente. O nosso objetivo aqui é criar uma solução, através de um sistema ou equipamento, que cobre a pá localmente e que permite trabalhar em condições meteorológicas adversas, seja, chuva, nevoeiro, granizo, neve, quente ou frio. Este é problema que nós estamos a resolver.
E a vossa solução consegue aumentar estas 25 semanas de possível intervenção?
Sim, sim. A ideia é mesmo essa. Nós conseguimos aumentar para umas 40 semanas. Não consegues fazer o ano todo, mas já é uma melhoria significativa. E não consegues fazer o ano todo, porque há geografias muito adversas onde, por exemplo, neva imenso e tu não consegues chegar sequer à pá com aquelas camadas gigantes de neve. No entanto, tudo o que não sejam dificuldades de acesso à pá, em princípio, a nossa solução vai-te permitir trabalhar. Se houver uma tempestade ou um furacão também não consegues (risos), mas há um ganho muito grande mesmo.
E como é que encontraste este problema?
Nós tínhamos conversas com uma empresa portuguesa que faz este tipo de manutenções e confidenciaram-nos este problema. Eu juntei-me com o meu sócio e disse-lhe “Olha lá, nós não conseguimos arranjar uma solução para isto?”. Fomos pensando e conversando e nessa altura estavam a surgir as primeiras empresas a querer resolver o problema, mas não havia nada firme no mercado. E nós achámos que as ideias que tínhamos podiam ter algum potencial e decidimos fundar a empresa.
Sempre tive aquela ideia do “se não existe, faz-se”.
E estamos em que altura nesta fase?
Estamos em 2018. Eu tinha acabado o meu MBA na Porto Business School, por isso estava naquela altura cheia de energia (risos). Eu terminei em janeiro, em fevereiro estávamos a fundar a empresa e em maio estávamos a fazer a primeira candidatura a um projeto de I&D que nos permitiria desenvolver as inovações-chave da nossa solução.
Sempre tiveste a ideia de criar o teu próprio negócio?
Eu sempre tive uma atitude muito empreendedora, desde jovem, por isso sim. Durante a faculdade, por exemplo, fundei uma competição académica bianual que entretanto, se tornou itinerante a nível europeu, como inicialmente sonhado. Sempre tive aquela ideia do “se não existe, faz-se”. Eu trabalhei na indústria aeronáutica e aeroespacial durante 12 anos e depois do MBA surgiu esta oportunidade.
A vossa solução pode ser aplicada em outras áreas além da indústria eólica, não?
Sim, sim. Nós sempre tivemos essa ideia e esse desejo. Na verdade, estamos a trabalhar mais esta área, porque é um produto que está mais perto do mercado e que vamos ter vendas mais cedo. Pretendemos e temos o sonho e missão de trabalhar, também, na indústria espacial. E a verdade é que já o estamos a fazer e muito mais cedo do que o previsto. Estamos já a trabalhar com a Agência Espacial Europeia numa solução que permita manobrar satélites para fazerem a entrada noutros planetas — o nosso sistema permite desacelerar o satélite para que consiga entrar na órbitra de Vénus e Marte.
Desde o início que têm essa vontade de chegar à indústria espacial, então.
Sim, claramente. Nós fundamos a empresa a pensar na indústria eólica, mas imaginámos que nos demoraria quatro a seis anos para conseguir chegar e estabelecer-nos e, curiosamente, demorou quatro meses (risos). Foi incrível! É um projeto pequeno, mas permite já à empresa ganhar curriculum nessa área. E, como sabes, o negócio espacial é muito lento, porque demoras sete a dez anos só para te estabeleceres. É muito difícil começar do zero e entrar no mercado, embora eu sinta que as coisas estão a começar a mudar.
Desde o teu nono ano que existe mesmo essa paixão pelo espaço e pela aeronáutica e, pelos vistos, a tua história nessa área ainda não acabou.
Não, muito pelo contrário. Esta paixão não foi deixada para trás (risos). Estamos a tentar aplicar a nossa solução em ambientes espaciais, onde há também condições muito adversas.
Basicamente, houve uma semana em que nós levantámos duzentos mil euros (risos).
Quantas pessoas estão na Eptune atualmente?
Somos dois sócios e dois colaboradores, portanto somos quatro pessoas. Nós contratámos duas pessoas em março de 2020, num timing perfeito (risos). Apesar desse início, as coisas estão a correr muito bem (risos).
A pandemia afetou-vos e complicou o vosso trabalho?
O crescimento da empresa deu-se em 2020 em plena pandemia, na verdade. Apesar disso, fomos afetados, claro, mas felizmente não muito. Aconteceram muitas coisas boas na empresa em 2020, por exemplo, ganhámos uma bolsa de incubação na Agência Europeia Espacial e a Portugal Ventures também decidiu apostar em nós.
O percurso da Eptune é ainda muito curto, mas até agora quais são os momentos mais importantes da empresa?
Basicamente, houve uma semana em que nós levantámos duzentos mil euros (risos). Soubemos nessa semana que tínhamos ganho a ESA BIC e a Portugal Ventures queria fechar uma ronda connosco. Apesar de tudo, ganhar o projeto para ESA foi especialmente emocionante, porque, como já disse, foi muito antes do previsto e porque as odds de ganharmos não estavam propriamente a nosso favor.
Até agora foi tudo sempre alegria e emoção ou também tiveram alguns momentos mais difíceis?
Sim, tivemos já momentos complicados, principalmente relativamente à equipa. Já tivemos de fazer algumas modificações na equipa. O recrutamento foi a nossa maior dificuldade, sem dúvida. Sermos capazes de encontrar o perfil que precisávamos de ter não foi simples e apesar de termos tentado selecionar da melhor forma, as coisas não correram sempre bem. Acho que isto é transversal a muitas startups. É muito difícil atrair talento. Ou a pessoa tem um grande desejo por trabalhar numa startup ou então é complicado, porque numa empresa estabelecida as coisas já estão implementadas e os colaboradores entram para repetir trabalho ou para fazerem melhorias de um trabalho que já está estabelecido. Aqui isso não acontece, porque o produto está a ser criado do zero (risos). Aqui as coisas ainda não foram feitas (risos). Isto requer skills e personalidades muito específicas, que não são fáceis de encontrar.
Quem são os clientes ou potenciais clientes da Eptune?
Olha, o primeiro cliente acaba por ser este projeto da ESA, que é uma prestação de serviços. A nível de futuros e potenciais clientes há três segmentos: os vendedores de torres eólicas — Vestas, Enercom, Siemens ou General Electric —, os donos dos parques eólicos que produzem energia — EDP Renováveis ou Equinor — e os independent service providers — que são equipas subcontratadas que sobem à torres para fazer a manutenção.
Onde é que vai estar a Eptune daqui a uns dez anos?
Gostava de levar a empresa ao mercado, de ter o nosso produto já com uma quota significativa . Ou seja, a nossa ambição é fazer crescer a empresa, criar o produto, criar quota de mercado e, possivelmente, depois externalizar a empresa numa lógica de private equity ou algo do género. O nosso foco, mais do que gerir uma empresa durante várias décadas, é fazer o desenvolvimento de produto e levá-lo ao mercado. O que queremos é levar o produto a uma maturidade tal que fornecedores, clientes, investidores queiram adquirir a empresa. E depois replicar esta lógica em outras soluções.
Quando falas em quota significativa estás a pensar mercado nacional?
Não, não. Toda a empresa está pensada para mercado internacional. Aliás, o nosso produto acrescenta mais valor nas geografias de latitude superior, como Irlanda, Alemanha, Inglaterra, Holanda, Dinamarca, Suécia…
Olhando agora para trás, há alguma decisão que tivesses alterado no caminho da Eptune?
Hmmm, acho que é uma pergunta difícil para responder agora. Talvez daqui a três ou quatro meses te consiga responder (risos) e explico-te de forma simples: nós decidimos, numa primeira fase em que o nosso investimento era limitado, começar por fazer um add on para colocar nas plataformas que já existiam no mercado para podermos vender rápido — esta foi uma decisão estratégica e económica. Entretanto e como o primeiro ano correu muito bem e conseguimos todos estes investimentos, possivelmente a nossa decisão seria ir logo for the big game e desenvolver o produto como um todo. Resumidamente, nós estamos a fazer a capota para o descapotável ao invés de estarmos a fazer o carro (risos). Ao fazeres a capota para o descapotável tens muitas limitações, porque o carro não foi pensado para ter aquela capota e tens de fazer uma série de adaptações e ajustes e necessariamente concessões operacionais que podem pôr em causa parcialmente o benefício do produto. Se estivéssemos a desenvolver tudo do zero, o produto iria, com certeza, ser já muito melhor. Isto implicava custos de investimento iniciais muito superiores que no início não estávamos preparados para fazer. Apesar de tudo, isto é o processo e é assim que as coisas são.
Em plena pandemia, em abril de 2020, quando toda a gente dizia para ficarmos em casa e tudo mais, nós atravessámos a Europa toda.
Eu soube que em abril de 2020 quando toda a gente estava em casa, a Eptune não estava propriamente entre quatro paredes, não foi (risos)?
Opá, sim (risos). Em plena pandemia, em abril de 2020, quando toda a gente dizia para ficarmos em casa, para não sairmos do país, que ninguém podia passar fronteiras e tudo mais, nós atravessámos a Europa toda (risos). Nós andámos a estudar as regras e a perceber como é que o podíamos fazer, porque efetivamente não podíamos parar a empresa. O nosso ramo era a energia e a manutenção e, portanto, o nosso tipo de trabalho permitia-nos viajar e passar fronteiras, só tínhamos de ter o papel certo (risos). E como não havia aviões, tivemos de ir de carro atravessar a Europa. Além disso, também quase não havia hotéis (risos), por isso ficámos em alguns locais peculiares onde ouvíamos pessoas a discutir às quatro da manhã (risos). Foi uma aventura engraçada, porque estávamos em estradas completamente desertas e sempre que chegávamos a uma fronteira — e havia algumas mais difíceis que outras — lá tínhamos de entrar na fila e explicar tudo muito direitinho.
Então e a que países é que foram mesmo?
Portugal, Espanha, França, Alemanha, Bélgica e Luxemburgo. A Europa fechada às chaves e nós alegremente a passear pela Europa (risos).
Apesar da maior atividade radical da sua vida ter sida fundar uma empresa, Pedro gosta de tudo o que esteja ligado com a Natureza e ao risco. Disse “muito mal da vida” nas primeiras vezes que se conseguiu levantar no kitesurf, mas é o canyoning que junta Natureza, desporto e adrenalina de forma completa. Fomos até à Praia de Leça da Palmeira para descobrir o rapaz que hoje tem o sonho de ver a Terra do Espaço, que no nono ano já queria ser engenheiro aeroespacial e que, pelo meio, fundou uma competição académica que viria a ganhar e que andou a fazer uns testes num aeródromo com uma carrinha de caixa aberta.
Como é que surge algo tão pouco comum como o kitesurf na tua vida?
Ora bem, surge em 2011 e, basicamente, tinha um amigo, o Cristóvão — que curiosamente é o meu sócio na empresa (risos) —, com quem fazia canyoning e era muito divertido, mas era uma atividade que demorava o dia todo, porque tínhamos de ir para montanhas distantes do Porto. Nós morávamos perto da praia e ele convenceu-me a tirar o curso de kitesurf. Eu sou um pouco anti-cursos, gosto de aprender as coisas por mim próprio e no Youtube, mas ele lá me convenceu (risos). Bem, lá fomos tirar o curso e eu achei que aquilo não valeu assim tanto a pena (risos).
Eu nem sabia que havia um curso de kitesursf (risos).
Há, há. É para aprenderes a manobrar o kite. Bem, mas se não tiveres ninguém que te possa ensinar, recomendo o curso. A verdade é que depois de fazer o curso percebi que havia alguns momentos um pouco perigosos em que podes sair disparado, por isso há algum risco e o curso vai ajudar-te nisso (risos). Tu acabas o curso naquele momento em que te pões em pé e cais passados 3 segundos, naquela fase péssima em que sofres, bebes a água do mar, demoras 30 minutos para recuperar e dizes mal da tua vida toda… (risos). É nessa fase que acaba o curso.
Bem, mas isso melhora com o tempo, não? Já não dizes mal da tua vida quando vais andar de kitesurf, pois não (risos)?
Não, não (risos). Agora é bom. Nós depois do curso ainda nem sabíamos bem se gostávamos de kitesurf, então decidimos comprar equipamento a meias para dividir o esforço. Passados dois ou três meses percebemos que gostávamos disto e dissemos um para o outro: “Pronto, agora compra tu a metade que te falta!” (risos).
E praticas com alguma frequência?
Até ter a empresa sim. Depois da empresa muito pouco mesmo. Para teres uma ideia, este ano fiz para aí umas duas vezes, apesar de estar aqui na UPTEC Mar a 200 metros da praia (risos).
Tens de trazer o material para cá e vais dar uma escapadinha ao fim da tarde (risos).
Fim de tarde é complicado, porque tenho um filho com três anos e tenho de o ir buscar relativamente cedo. Ainda não o posso deixar na praia enquanto vou fazer kite, mas logo que possa isso vai acontecer (risos).
Para alguém como eu que pouco ou nada percebe de kitesurf, imagino que seja muito complicado até conseguires fazer alguma coisa minimamente interessante no kite, não?
Essa fase acaba por durar pouco. A formação foram três fins de semana e acredito que passes mais uns três “a dizer mal da tua vida”, porque não consegues fazer nada de jeito. A partir daí já começas a pôr-te em pé, apesar de ires com muito cuidadinho, já começas a disfrutar. Depois disso divertes-te à grande (risos)!
Costumas ir mais sozinho ou com amigos para praticar kite? No início tinhas de ir com o teu amigo, caso contrário só tinhas metade do material (risos).
Sim, no início íamos sempre os dois (risos). Aliás, continuámos a ir juntos depois disso, mas agora está a trabalhar na Alemanha e não dá. Agora pratico sozinho, embora quando vens à praia há sempre outros praticantes que vais conhecendo.
Ora bem, e o que é que um praticante de kitesurf tem de fazer para conseguir pôr aquilo a funcionar?
Basicamente, se souberes manobrar um papagaio de dois comandos é muito parecido. Eu tinha essa experiência, por acaso, e facilitou muito. No fundo, tens sempre o kite lá em cima e a puxar-te para cima e depois a barra basicamente tem um movimento vertical que te altera o ângulo de ataque da asa e quando tu baixas, o ângulo de ataque aumenta e a força aumenta — é aí que dás os saltos. Quando entras na água manobras o kite dos 90 graus para os 45 graus e é este é o momento de puxar. Andas uns 500 metros ou conforme te sentires confortável e depois acaba por ser um movimento muito parecido com a vela, porque navegas à bolina para fazer upwind e vais aprendendo uns truques (risos). O que eu mais gosto de fazer é o 360, onde dás uma volta em torno dos fios e tens uma sensação incrível.
Um engenheiro aeroespacial tem alguma vantagem no kitesurf? Há algum conhecimento que apliques no kitesurf (risos)?
Mais ou menos (risos). Por acaso, nós antes de criar esta empresa estivemos para começar um projeto chamado Kitetest, que basicamente ajudava quem queria comprar um kite a escolher. Hoje vais a Internet e tens 4 estrelas, 5 estrelas e por aí fora. Ora, isto não faz sentido nenhum, porque não tens parâmetros exatos para escolher. Queríamos quantificar os parâmetros para podermos dizer que esta é melhor que aquela, porque com estrelinhas não vamos a lado nenhum (risos). Então utilizámos o nosso know-how de aeroespacial e montámos um sistema de aquisição de dados com sensores, ângulos e velocidades e pegámos numa carrinha de caixa aberta onde pusemos uma baquet de um carro, uma barra igual à do kite, um capacete como se fosse o Google Glass, uma antena que dizia a velocidade do vento lá em cima para ser mais próxima do kite. A nossa intenção era começar a tirar dados e vender aquilo numa base de dados paga (risos). Aquilo correu bem na parte das forças, mas nas velocidades era muito complicado (risos), então abandonamos a ideia.
E o canyoning ficou de parte? Apostaram mais no kitesurf?
Continuamos a fazer canyoning, mas é mais no verão. O que queríamos era fazer mais coisas, por isso é que fomos para o kitesurf. Eu quando experimentei adorei e pensei “isto é que é a minha cena”! Desde criança sempre gostei muito de ir para o Gerês, subir rios e estar na Natureza, permite-te estares em sítios completamente inóspitos e inalcançáveis sem ser daquela maneira, para mim é fantástico. Além disso, na maior parte das lagoas tens sempre sítio para saltar e saltas de locais com três, cinco e oito metros — é uma adrenalina brutal! Tens Natureza, desporto e adrenalina: uma combinação explosiva para mim. Adoro!
Então isso até é algo “sério”?
Eu depois de experimentar comprei logo o equipamento todo (risos). Já participei em dois encontros internacionais aos Açores, na ilha das Flores.
Além do canyoning e do kitesurf, há mais algum hobbie escondido? Está tudo relacionado com o mar e água... Há alguma paixão antiga aí?
É acima de tudo o contacto com a Natureza. Tudo o que me permita estar na montanha e na Natureza eu gosto. Também faço escalada, mas com muito menos frequência, assim como BTT. Apesar disso, o que mais gosto e o que mais pratico é mesmo canyoning e kitesurf.
Tudo o que praticas é considerado desporto radical (risos). A verdade é que fundar uma empresa também pode ser considerado uma atividade radical, não (risos)?
Sim, sim, sem dúvida (risos). Sair de uma posição de responsabilidade de uma unidade de negócio numa empresa para fundar uma startup, é uma atitude um pouco indiferente ao risco (risos). Eu estava bem, tinha boas condições, mas achei que estava na altura de gerar mais valor e decidi arrancar para o meu negócio e lancei-me em mais uma aventura radical (risos).
Depois de tanta atividade radical, qual é que consideras ser o momento mais importante da tua vida?
Houve muitos, sem dúvida. Posso enumerar alguns: fundar o Air Cargo Challenge, ter participado numa competição no Brasil através desse projeto — no fundo, eu fundei o Air Cargo Challenge porque não existia, passei a pasta para outros organizadores e depois formei uma equipa e ganhei a competição (risos) —, a minha formação superior foi muito importante porque me ajudou a pensar a partir da folha em branco.
Esta pergunta é muito difícil (risos). Por exemplo, em relação à paternidade: antes de eu ter filhos não sabia bem se os queria ter. Hoje tenho e estou a achar uma experiência absolutamente incrível. Eu não tinha expectativas e estou a achar fantástico! Neste caso particular, o facto de eu não ter tido expectativas, permite-me usufruir desta experiência de uma forma espetacular — e está a ser mesmo excelente e tem-me marcado muito, obviamente!
Como é que um aluno do 9º ano tem o sonho de estudar Engenharia Aeroespacial? Explica lá como é que isso é possível (risos).
Basicamente eu sempre fui fascinado pela aviação e pelo espaço, desde muito pequeno mesmo — fui aeromodelista e pratiquei uma série de atividades relacionadas com aeronáutica. No 9º ano foi apenas quando eu soube que existia este curso (risos). Curiosamente descubro isto através de um amigo que também entrou comigo nesse mesmo curso. E o resto é a história que já conhecemos (risos).
Gostava muito de ver a Terra do Espaço, mas não sei se vou conseguir.
E qual é o teu sítio preferido?
É o Gerês.
O teu prato preferido?
Pão quente com manteiga (risos). Não sei bem, mas gosto muito de cozinhar.
Tens alguma especialidade?
Não tenho, não tenho, mas cozinho tudo. Às vezes a família pede-me para fazer arroz de cabidela, mas faço um pouco de tudo.
Gostas de cozinhar para os outros?
Sim, sim. O que me fascina é cozinhar para amigos, juntar pessoas e preparar e fazer um bom convívio.
Qual é a coisa que mais gostas de fazer ao fim de semana?
Estar com amigos e família e praticar os meus hobbies.
Sabes qual é a tua maior qualidade?
Tenho boa tolerância ao risco e acredito sempre que é possível.
O que é que gostavas mesmo de fazer na tua vida?
Gostava muito de ver a Terra do Espaço, mas não sei se vou conseguir (risos).