Carlos Lei: “Em 2018 tivemos um momento crítico. Essa altura foi muito importante, porque foi uma montanha-russa. Fomos mesmo ao ponto mais baixo de todos e depois subimos.”
Carlos Lei: “Em 2018 tivemos um momento crítico. Essa altura foi muito importante, porque foi uma montanha-russa. Fomos mesmo ao ponto mais baixo de todos e depois subimos.”
Estivemos à conversa com o Carlos Lei, que é cofundador da HypeLabs e ex-estudante da Faculdade de Ciências da U. Porto. Apesar de se arrepender de não ter acabado a licenciatura em Ciência dos Computadores, também se arrepende por "não ter começado a criar coisas mais cedo". Com 22 anos foi convidado para o 20 Under 20 Thiel Fellowship Summit, porque foi um dos que preferiu construir novas ideias e não ficar sentado numa sala de aula. O motocross, ainda que recentemente, tem ocupado a grande maioria dos seus tempos livres, mas foi a surfar que já quase perdeu a vida. Entre sky diving, airsoft, motocross, surf e hóquei em patins, os hobbies do Carlos são praticamente intermináveis.
O que é a Hype Labs?
Na Hype Labs desenvolvemos um software chamado HypeSDK que permite a dispositivos comunicarem entre si mesmo sem Internet. No fundo, este software identifica no dispositivo que tipos de antenas ou canais de transporte existem — por exemplo, no telemóvel identifica uma antena Bluetooth ou WiFi — e escolhe em real time os melhores canais para ligar o dispositivo a todos os que estão nas proximidades. Depois conecta esses dispositivos a outros e, ainda, esses dispositivos a outros e assim sucessivamente. Então, o nosso software, em real time, constrói redes onde não havia rede.
Parece-me uma tecnologia com um potencial enorme...
Sim, sim. E além disso, são redes self-forming, ou seja, criam-se forma automática. Os dispositivos podem estar a mexer-se e a rede funciona sempre. São, também, self-healing, por isso se algum dos links se quebrar, a própria tecnologia “cura” esse problema. São self-protect, porque a rede também se protege a si própria e self-optimizing, já que a tecnologia também escolhe qual é a melhor ligação naquele momento.
Ora, trocando tudo isto por miúdos (risos), o meu telemóvel pode conectar-se com o teu, ainda que eu apenas tenha bluetooth e tu outro canal qualquer?
Sim e não (risos). Tu como utilizador nem te apercebes que a nossa tecnologia está lá, porque foi feita para ser integrada nas aplicações ou sistemas operativos. Como utilizador só sabes que podes estar com o telemóvel em modo voo, envias uma mensagem e esta chega ao destinatário. Como utilizador é só isso.
E onde é que a vossa tecnologia está a ser aplicada?
Muita da nossa tração está em sistemas IoT, como sensores, lâmpadas, etc. E aquilo são dispositivos que são feitos com hardwares muito distintos e de providers muito diferentes. Se tiverem o nosso software instalado, todos aqueles dispositivos conseguem falar uns com os outros. No fundo, retiramos a complexidade das redes. Nós contabilizamos já mais de 300 casos de uso da nossa tecnologia, mas no final de tudo são apenas dispositivos diferentes que precisam de falar entre si sem perder horas de engenharia para pôr aquilo a funcionar — é isso que nós fazemos.
Então e como é que surge esta ideia?
Ora, isto não foi uma ideia que surgiu quando acordamos (risos). Eu e o André, o meu sócio e cofundador da HypeLabs, éramos muito amigos, colaborávamos em muitas coisas, entrámos em muitos hackathons e sempre tivemos muita vontade de criar algo. Na altura começámos a criar uma aplicação que era uma espécie de Whatsapp que funcionava mesmo sem internet. Decidimos ir ao Web Summit — à última edição em Dublin — no final de 2014 e quando chegámos lá não havia internet (risos). Tinhas uma série de startups a querer mostrar a tecnologia e ninguém tinha internet. Eu e o André conseguíamos comunicar, enviar fotos e tudo mais através da nossa aplicação. Nessa altura tivemos 100 empresas — algumas delas bem grandes — a vir ter connosco e a perguntar como é que tínhamos internet e como é que também podiam ter. Alguns deles queriam, inclusive, integrar a nossa tecnologia na aplicação deles. Nós éramos um bocado inocentes e dissemos “Não, não. A tecnologia é nossa, por isso façam download da app só.”, mas sempre ficámos com isso na cabeça. No início de 2015 começámos a perceber que a tecnologia tinha utilidade, mas que já existiam imensas apps de comunicação e que não era preciso mais uma.
Foi mais ou menos nessa altura que integraram a Escola de Startups da UPTEC, não?
Sim, sim. Estávamos a aprender e a estudar e entrámos, também, na Escola de Startups da UPTEC. Além disso, fomos convidados pela Deutsche Telekom para ir até à Polónia integrar um concurso que eles tinham e que, no final, saímos como vencedores. O prémio foi ficarmos lá na Polónia a trabalhar num centro de inovação que eles têm e deram-nos vários recursos: casa, viagens e puseram alguns engenheiros a trabalhar para nós e foi nessa altura que nos disseram “esqueçam a aplicação, o que interessa é a vossa tecnologia”. E foi a partir daí — finais de 2015 e início de 2016 — que começámos a fazer isto. Pouco tempo depois disseram-nos que queriam investir e que estava na hora de fazer uma empresa a sério.
Começaram o processo de investimento com eles, então?
Sim, sim. Estávamos a negociar, já tínhamos negociado um contrato e depois eu recebo uma chamada do AngelPad, número um do ranking de aceleradoras dos Estados Unidos, onde me fizeram algumas perguntas sobre a tecnologia, mercado, tração e a nossa visão e dizem-nos “Olha, terça-feira podem estar aqui em Nova Iorque?” — isto foi numa quinta-feira (risos). Nós dissemos que sim, claro. Não tínhamos dinheiro para nada, tivemos de vender algumas coisas nossas e pedir ajuda à família para conseguimos comprar os voos. Não tínhamos sítio para ficar lá, sequer (risos). E foi aí que a empresa foi realmente fundada. Estivemos lá algum tempo a aprender, porque eu nem sequer sabia o que era uma startup (risos).
Criar uma empresa não estava mesmo nos teus planos (risos).
Não, não mesmo. Aliás, eu fui a um hacktahon com amigos e um dos prémios era um estágio numa empresa muito grande — já não me lembro bem, mas acho que era na Microsoft. A minha equipa desistiu toda e eu fiquei sozinho. Disse à organização que não tinha equipa e que não ia concorrer, mas continuei a programar. Depois no final até fiquei mesmo desiludido, porque achei que o que tinha feito era bem melhor do que os que ganharam. Na altura, fiquei muito chateado porque o meu “sonho” era ficar com aquele estágio e ir para aquela grande empresa, nunca me passou pela cabeça começar algo meu.
Em 2018 tivemos um momento crítico e nada bom com muitos problemas financeiros, mas depois conseguimos fechar uma outra ronda. Essa altura foi mesmo muito importante, porque foi uma montanha-russa. Fomos mesmo ao ponto mais baixo de todos e depois subimos.
Quais são os momentos mais marcantes da história da Hype Labs até agora?
Olha, o primeiro momento marcante — e isto não é por estar a conversa convosco (risos) — é mesmo a entrada na Escola de Startups da UPTEC. Nós não sabíamos absolutamente nada. Nós estávamos a viver os dois em casa do André e nem tínhamos noção das horas. Era acordar, estudar e vir para aqui (UPTEC) fazer perguntas — foi mesmo um “bem-vindo a este mundo”. O segundo momento diria que foi o da Deutsche Telekom, porque foi onde percebemos a tecnologia e tivemos engenheiros a olhar para o nosso código e a perceber o que está bem e mal e o que é ou não escalável. Outro foi o momento do AngelPad, foi extraordinariamente marcante para nós e para a empresa. Em 2018 tivemos um momento crítico e nada bom com muitos problemas financeiros, mas depois conseguimos fechar uma outra ronda. Essa altura foi mesmo muito importante, porque foi uma montanha-russa. Fomos mesmo ao ponto mais baixo de todos e depois subimos.
Esse momento em 2018 foi o mais complicado de sempre na Hype Labs?
Sim, sem dúvida. Nessa altura perdemos a equipa toda. Toda mesmo. Fiquei apenas eu e o André. Tivemos problemas financeiros e chegamos mesmo àquele ponto de fechar ou não. Nós sempre acreditámos na nossa tecnologia e foi até nessa fase que tudo ficou pronto. Nessa altura tivemos a sorte de encontrar os investidores corretos que acreditavam na nossa visão e investiram. Nessa altura foi quase como recomeçar a empresa e hoje somos novamente 12 pessoas na equipa. Tudo isto foi muito difícil, mas foi bom. Deu para aprender muita coisa. Não quero repetir, mas dou muito valor ao que aconteceu.
Quais são os próximos passos da Hype Labs?
Neste momento estamos a trabalhar em áreas muito bem definidas. Tudo isto é muito rápido, porque nós vamos para uma vertical e apostamos, testamos, vemos a escalabilidade, olhamos para o tamanho do mercado, vemos a nossa tração e se der avançamos. Se não der, seguimos logo para outra área. Neste momento, estamos muito focados em sistemas POS e pagamentos, mas respondendo concretamente à tua pergunta: nos próximos dois anos estarmos estabelecidos numa área e a chegar a outra. É essa a nossa estratégia.
E daqui a uns dez anos? Onde é que vês a empresa?
Gostávamos que a nossa tecnologia fosse a “cola” de todos os dispositivos. Hoje temos 1001 dispositivos diferentes que não falam entre si. Nós queremos ser o canal de comunicação entre todos eles, porque sabemos que existe esta dificuldade no mercado.
O que é que mudavas na Hype Labs?
Organização, sem dúvida. Começámos muito jovens, saídos da faculdade e sem qualquer conhecimento de empresas. Hoje eu olho para trás e vejo erros claros que cometemos e que eu sempre que conheço um founder novo digo-lhe para não fazer (risos).
É impossível sair daqui com cabeça fria e ir para casa pensar noutra coisa — é muito difícil desligar. Todos os hobbies que tinha e lifestyle anterior mudou radicalmente. E, obviamente, há uma grande incerteza no futuro.
De que forma é que seres founder de uma startup mudou a tua vida?
Mudou tudo (risos). O meu estilo de vida é completamente diferente. É acordar às 8h30 e saber que, no mínimo, a última reunião que tenho marcada acaba às 20h30. Há tempo para tudo, mas é muito mais complicado. É impossível sair daqui com cabeça fria e ir para casa pensar noutra coisa — é muito difícil desligar. Todos os hobbies que tinha e lifestyle anterior mudou radicalmente. E, obviamente, há uma grande incerteza no futuro.
De que forma é que a equipa da Hype Labs respondeu à pandemia da COVID-19?
50% da nossa equipa é estrangeira, por isso a malta voltou para casa. A partir do momento em que ficaram três meses fechados em casa aqui, pensaram que não fazia muito sentido estarem cá sozinhos, obviamente. Estamos a trabalhar 100% remote e, verdade seja dita, as coisas estão a correr super bem. Não temos nada a apontar à equipa, pelo contrário. A malta nestes últimos meses trabalhou muito mais do que antes da COVID. Estão é a precisar de descansar (risos).
O Carlos é um homem de muitos hobbies e, principalmente, de hobbies com amigos. O Gonçalo Azevedo — fundador da HealthyRoad — convidou-o para andar de mota e, a partir daí, o "bichinho" pegou. Entretanto, já comprou a sua própria mota, já passou o "vício" ao André Francisco (na foto) e aos fins de semana vai com os amigos para "as aldeias uns dos outros". Foram muitos os que influenciaram a sua vida, mas o seu gosto por ajudar pessoas a "criar coisas" é enorme. Foi no Sri Lanka que conseguiu uma das suas melhores histórias: ajudou um pescador — que tinha o sonho de ter um restaurante — a ser, agora, o número um no TripAdvisor.
Tu és um homem de vários hobbies, pelo que sei (risos), mas há um deles que decidiste escolher para o Out of Office. Como é que surgiu o teu interesse por motas?
O gosto por motas é bastante recente, só tem um ano. Opá, eu tenho um objetivo de vida: até morrer gostava de saber pilotar qualquer tipo de veículo (risos). Carros, motas, avião, helicóptero e barco, na verdade. Ora, como eu ainda só sabia conduzir carros e mota era o segundo mais fácil… comecei a apostar (risos). Comprei uma mota pequenina e depois o Gonçalo Azevedo, fundador da HealthyRoad que esteve também na UPTEC, disse que também dava umas voltas de mota e convidou-me para ir com ele. Comecei a andar e adorei. O Gonçalo emprestava-me a mota dele — que é igual à que eu tenho agora — e eu andava e adorava.
Então o teu percurso nas motas ainda é recente... Nunca participaste em provas ou corridas mais a sério?
Não, nada disso. É mesmo apenas por lazer. É algo que gosto imenso de fazer.
Tu também praticaste desporto federado, não foi?
Sim, sim. Joguei hóquei em patins durante 16 anos, em vários clubes. Terminei a minha carreira no Santa Cruz, que é o clube do Telmo Martins da Miew (risos). Ele está sempre a dar-me na cabeça para ir lá jogar (risos).
Mas o hóquei foi algo “a sério” na tua vida, certo?
Joguei muitos anos e estive no limite de ser ou não jogador profissional. Quando entrei na faculdade tive de optar entre ser profissional ou a vida boémia de estudante (risos). Acabei por escolher a vida de estudante (risos).
Bem, mas além do hóquei e das motas, há muitas outras coisas que ocupam o teu tempo, não?
Sim, tenho muitas coisas. Surfo já há muitos anos. Quando estudava na Universidade do Porto fiz parte da equipa de Surf da U. Porto e foi brutal. Ah, em 2017 comecei também a fazer sky diving, mas uns investidores não gostaram muito e pediram-me para parar. Eu, por respeito, parei (risos). Eu se estivesse do lado deles talvez não gostasse muito também (risos).
Apesar dos riscos, sky diving é algo seguro, não (risos)?
Opá, sim. Há sempre aquelas histórias… Mas também há histórias de mota, de surf e de tudo. Aliás, já tive para morrer uma vez a surfar (risos)!
Neste momento, o que mais fazes é mesmo ir dar umas voltas de mota.
Sim, completamente. Sabes que os meus hobbies são muito cíclicos, porque não tenho muito tempo disponível. Quando me foco numa coisa vou fazendo bastante isso e, nesta altura, o bichinho da mota está cá dentro (risos). Ah, estava a esquecer-me: também fiz boxe e agora até gostava de voltar. Sim, mas é entre surf, motocross, airsoft — uma vez por mês com os amigos.
E arranjas tempo para fazer isso tudo?
Não é fácil, não. Principalmente agora que temos a equipa em fusos horários completamente diferentes (risos).
O que é que te prendeu ao motocross?
Bem, aquilo não é exatamente motocross. É mais enduro. O Gonçalo apresentou-me uma pista aqui perto e treinamos lá para ganhar alguma técnica. Depois vou com uns amigos num fim de semana para o monte e fazemos enduro. Aquilo é super engraçado. Estás na montanha e depois aparece-te um tronco e tens de o retirar, tens de perceber como é que consegues ultrapassar aquele obstáculo… É um desafio grande!
Normalmente, praticas num sábado ou fim de semana com amigos, não é?
Sim, quando tenho amigos que alinham (risos). Aprendi logo na primeira semana que não podes praticar isto sozinho. No início fui só com um primo meu, a mota avariou e não tinha como sair de lá. Ele trouxe-me na mota dele e depois levámos uma equipa para ir lá resgatar a minha mota (risos).
Quais são os percursos que costumas fazer mais?
Valongo, Couce, já fizemos alguns em Gaia também. O que temos feito ultimamente — e para mim é o mais difícil — é: saímos daqui na sexta à noite e vamos para as aldeias uns dos outros e ficamos lá o fim de semana.
E como é que é um dia normal na tua vida?
Olha, é acordar às 8h00 e estar no escritório às 9h00. Fico por cá até, no mínimo, às 19h00. O que eu gostava que acontecesse era na hora de almoço, de manhã cedo ou ao fim da tarde ter tempo para praticar desporto. A verdade é que a maior parte das vezes não consigo. A semana passada consegui ir andar de mota duas vezes, mas depois acaba sempre por surgir alguma coisa e não consigo ir mais vezes.
Tens alguma pessoa que tenha influenciado a tua vida?
Ui, tenho muitas. Olha, toda a equipa da UPTEC… Na altura mais o Felipe e a Clara, mas toda a equipa mesmo. Quem teve também um impacto life changing foi o Thomas Korte, fundador do AngelPad. Pessoas como a Maria João Souto, por exemplo — aliás, sem ela eu não estava aqui, de certeza absoluta. O Pedro Vieira, da West to West, também nos ajudou imenso e foi cinco estrelas. No fundo, acho que foram todos os investidores, de certa forma.
Eu sempre fui um gajo de ambições e sempre acreditei que tudo era possível — e isto é mesmo clichê —, mas uma coisa é acreditar e outra é ver. Eu lá vi que tudo era possível.
E a nível pessoal? Alguém de marcou de uma forma diferente?
O Peter Thiel e toda a malta que conheci nos Estados Unidos. Conheci pessoas absolutamente geniais, extraterrestres mesmo. Putos de 14 anos que faziam reatores nucleares na garagem, coisas mesmo incríveis. Conheci a Cathy, que com 18 anos criou uma empresa de biotecnologia gigante; o Justin tinha 18 anos quando acabou o liceu e achou que a forma de ensino não tinha sido boa, então criou a sua própria escola e agora é das mais bem-sucedidas do Canadá. A experiência de ter ido para os EUA e ter conhecido esta malta mudou-me completamente, sem dúvida. Eu sempre fui um gajo de ambições e sempre acreditei que tudo era possível — e isto é mesmo clichê —, mas uma coisa é acreditar e outra é ver. Eu lá vi que tudo era possível.
Quando eras pequeno, o que é que querias ser no futuro?
Queria ser astronauta. Quando percebi que não ia dar, passei a querer ser piloto de caças (risos). Mas sempre quis ser astronauta até aos meus 16 anos (risos).
Qual é o teu maior defeito?
Falta de organização. É algo que estou constantemente a trabalhar. Eu se fosse mais organizado as coisas eram muito melhores. Além disso, sou também desorganizado na minha comunicação.
Ajudar o pessoal a criar cenas é das coisas que mais gosto de fazer.
E qual é a tua maior qualidade?
Opá, olha eu fico genuinamente contente com as vitórias dos outros. Eu gosto mesmo muito de ajudar a malta a criar cenas. A melhor história que eu tenho da minha vida foi no Sri Lanka, onde conheci um pescador que me convidou a comer em casa dele — o melhor peixe que comi na minha vida, por sinal — e o homem disse que o sonho dele era criar um restaurante. Então eu fiz um fundraise de 200€, dei ao homem, dei-lhe umas dicas e agora é o número 1 no TripAdvisor. Adorei isso! Ajudar o pessoal a criar cenas é das coisas que mais gosto de fazer.
O que é que não fizeste e devias ter feito na tua vida?
Devia ter começado mais cedo. Devia ter começado mais cedo a criar uma empresa e a criar tudo isto. O conhecimento é o mesmo, por isso devia ter começado mais cedo e agora já teria aprendido mais. Ao mesmo tempo arrependo-me de não ter acabado o curso (risos), mas o curso é mais para dizer “Mãe, avó, tenho um curso!” (risos). Ah, e arrependo-me um pouco de não ter sido ágil a tomar algumas decisões. Por vezes, estávamos preocupados com o lado emocional — eu e o meu sócio, eu sei que ele também pensa assim — e com o que a outra pessoa ia pensar ou sentir, quando o outro lado queria saber zero de nós.