FBAUP, UPTEC e Everythink: ensino e indústria ao serviço de uma cidade mais feliz
FBAUP, UPTEC e Everythink: ensino e indústria ao serviço de uma cidade mais feliz
Em 2018, a empresa Everythink apresentou um conjunto de desafios à cidade do Porto, com o objetivo de promover a qualidade de vida da cidade e das pessoas.
Através da antecipação e caracterização de diferentes contextos societais, foram apresentados desafios para proporcionar aos munícipes e visitantes a mais interessante experiência de viver a cidade. Por outras palavras, foram estudados os elementos que compõem a felicidade das pessoas dentro da cidade e procuradas formas de potenciar esses elementos para que todos se sentissem mais felizes.
O estudo não só reconheceu as necessidades básicas com foco no presente como procurou ir mais além no exercício criativo e inspirar novas ideias que ajudem a criar uma população mais feliz. Os desafios futuros foram divididos em 7 grandes objetivos como, por exemplo, dar atenção às duas gerações que representam grande parte da população ativa no momento (Millennials & Xennials); ir além da visão funcional dos espaços públicos e explorar a criação de ambientes que promovam uma experiência memorável promovendo o diálogo entre várias áreas artísticas e a interação (Vestir o espaços públicos e estimular os sentidos); ou reflectir quanto à cidade para pessoas sozinhas, sem rotina familiar e com a cidade como companheira (City for Singles).
Um desafio para os alunos
A criação de ideias que materializem estes objetivos seria o desafio seguinte que, em 2019, foi estendido aos estudantes de design do último ano do curso da Design de Comunicação da Faculdade de Belas de Artes do Porto (FBAUP), no âmbito da unidade curricular de Gestão de Design.
Numa parceria com a UPTEC – Parque de Ciência e Tecnologia da U.Porto, que se repete pelo terceiro ano consecutivo, foi possível convidar os finalistas a contribuir com as suas ideias para a concretização do projeto, aproximando a formação académica à realidade económica e social e oferecendo aos estudantes uma base para que pudessem associar as soluções a eventuais modelos de negócio.
De acordo com Bruno Giesteira, coordenador da Unidade Curricular, esta cooperação FBAUP – UPTEC – Everythink possibilita uma “lógica que permite aos estudantes apreenderem a aplicabilidade das matérias relacionadas com a gestão em design num contexto empresarial.”, afirma. Tal como na execução de um projeto numa empresa, “os alunos têm um deadline para a entrega do projeto final e tem de ter em consideração aspetos de negócio como orçamento, identificação de stakeholders, estratégia de comunicação, etc…”, reforça Júlio Martins, fundador e CEO da Everythink.
No exercício, participaram de forma colaborativa cerca de 40 alunos, divididos em 7 grupos. Cada grupo recebeu uma das tendências identificadas pelo estudo e, após um semestre de desenvolvimento, mentorias e apresentações intermédias, foram criados projetos que respondem às necessidades e estimulam a felicidade nas pessoas. O papel da Everythink focou-se em “provocar e estimular a iniciativa dos alunos e ajudar a gerar ideias, a descobrir soluções e a desbloquear eventuais impasses.”, referiu o CEO.
Para os Millenials & Xennials for pensada a Find.u, uma aplicação para telemóveis que pretende auxiliar o jovem que deseja fixar-se na cidade. Através desta aplicação, é possível encontrar casa, emprego, além de informações públicas importantes como farmácias, supermercados, lojas do cidadão e finanças. Por sua vez, o Alapar é um projeto que pretende minimizar o impacto do aumento exponencial do turismo no centro do Porto, desvalorizando assim os restantes municípios do distrito. A solução para contornar a situação e “Vestir o espaços públicos e estimular os sentidos” foi a utilização da forma de uma lapa para criar bancos que acomodem de forma descontraída várias pessoas que desejem sentar-se e assim, criar espaços de descanso, lazer e convívio que vistam o espaço público para aqueles que o habitam, valorizando o desenvolvimento da comunidade que o habita permanentemente.
Outro exemplo é a aSOLO, criada para minimizar a solidão e isolamento, e a pensar numa “City for Singles” ou seja, nas pessoas sozinhas na cidades. A app propõe um playground com calendário próprio de atividades, workshops e aulas ao ar livre com foco no público single (estudantes, trabalhadores locais; entusiastas de animais de estimação; fitness), proporcionando o encontro e a deslocação no espaço público.
Todas as soluções – que podem ser consultadas aqui – fizeram uso do design para dar resposta aos desafios criados.“Há uma grande vantagem em insistir em projetos de aproximação entre a ciência, a tecnologia e a arte. … projetos como este contribuem para que os estudantes de Design possam experimentar um território que lhes é estranho, mas que lhes pode vir a ser útil no futuro – nomeadamente, para os ajudar a saberem valorizar as suas próprias competências criativas.”, afirma Fátima São Simão, Diretora de Desenvolvimento de Negócio para as Artes.
O triângulo que aproxima indústria e academia
A parceria entre a UPTEC, a FBAUP e a EVERYTHINK é um exemplo do trabalho colaborativo que tem sido desenvolvido na Universidade do Porto. Não só com este projeto como também na Pós-Graduação em Design de Interação, Web e Jogos da FBAUP, onde a UPTEC é igualmente parceira, é apoiada uma área do conhecimento orientada à Interação Humano-Computador até então inexistente em cursos pós-graduados na Universidade do Porto.
Os resultados deste triângulo FBAUP – UPTEC – Everythink são, para Bruno Giesteira, “muitíssimo profícua com repercussões tangíveis que transcendem os objetivos curriculares e perduram no tempo, como a possibilidade de trabalhar matérias dificilmente entendíveis pelos estudantes como relevantes num contexto tradicional de sala de aula.”, salienta.
Este tipo de colaboração que permite resultados mensuráveis, como os aqui enumerados e tantos outros de aplicabilidade imediata em instituições tão relevantes para a sociedade como, por exemplo, o IPO do Porto. Uma aposta na interação ensino-indústria que permite repercussões tangíveis e um contacto com a realidade, através do desenvolvimento de respostas criativas a desafios concretos, levando o conhecimento além do espaço e tempo do plano curricular com os os olhos postos no futuro.
Para Júlio Martins, este caminho de aproximação entre academia e indústria deve ser trilhado de ambos os lados. “Seria desejável que os conteúdos do ensino, e mesmo as linhas de investigação fundamental, estivessem mais próximo das empresas (sejam da indústria ou dos serviços), da mesma forma que seria desejável que as empresas pudessem estar disponíveis para investir tempo nestas relações.”, afirma.
Manter, em conjunto, Universidade e Empresas é, para Fátima, um dos motivos que “ tem permitido que a UPTEC marque a diferença a nível nacional e mesmo Europeu.”. Com vocações diferentes, Universidade e Empresas, criam um “caminho que passa necessariamente por integrar os conhecimentos da e na indústria, assim como da e na prática investigativa dos docentes”, refere o professor.