Cidália Pina-Vaz: “Eu nunca trabalhei tanto na vida e nunca tive tanta coisa por fazer.”
Cidália Pina-Vaz: “Eu nunca trabalhei tanto na vida e nunca tive tanta coisa por fazer.”
Cidália Pina-Vaz é professora, CEO, investigadora, médica, microbiologista e, sobretudo, mãe e esposa. Doutorou-se em 2000 na Faculdade de Medicina da U. Porto e fundou a FASTinov em 2013, uma empresa que desenvolve testes de suscetibilidade antimicrobiana mais rápidos, simples e fiáveis. Apesar de ter trabalhado durante 20 anos na Faculdade de Medicina da U. Porto e no Hospital de São João, Cidália diz que nunca trabalhou tanto como agora que gere uma empresa. A história da FASTinov, spin-off do CINTESIS, confunde-se com a história de Cidália Pina-Vaz, mas a sua prioridade é a família e sua principal missão é ser mãe.
Cidália, conte-nos um bocadinho do seu percurso que é, no fundo, os primeiros passos daquilo que, mais tarde, viria a ser a Fastinov.
Eu sempre aliei a minha atividade assistencial com a de investigação. Acabei o curso, comecei a dar aulas no sexto ano e comecei a fazer investigação, primeiro no Departamento de Farmacologia, e a seguir no Departamento do Microbiologia. Depois resolvi que, de facto, a Medicina não é só doentes e que a investigação era algo que me interessava. Então fui fazer uma especialidade relacionada com Laboratório e Microbiologia, porque achei que não tínhamos formação suficiente para estar a fazer investigação com o curso de Medicina. Portanto, achei que devia fazer a especialidade relacionada com a Microbiologia, que foi a Patologia Clínica. Sempre trabalhei em simultâneo no Hospital e na Faculdade. Nos tempos livres e fora do horário de trabalho, é que eu fazia a minha investigação, sempre baseada em problemas da rotina. A Microbiologia do Hospital é no 5º piso e a Faculdade é no 3º piso, portanto eu andava… No fundo, inspirava-me no hospital e nos problemas do hospital e vinha tentar esclarecer para a Faculdade. A minha área sempre foi muito os fármacos – eu sempre gostei muito de farmacologia – e sempre me dediquei muito aos mecanismos de resistência, portanto a detetar as respostas dos fármacos. Nós temos uns testes de suscetibilidade que fazemos todos os dias e que são muito demorados. Entra um produto biológico e nós demoramos dois dias a saber o que é e como é que se deve tratar. Isto é uma resposta absolutamente insuficiente em relação às necessidades. Eu tenho uma hemorragia e em minutos sei se tenho de dar sangue ou não; tenho uma glicemia num diabético e em dois minutos sei que valor é que tem, mas na microbiologia não. Na microbiologia temos que atuar empiricamente, tenho que tratar e só depois é que tenho o resultado. Sem uma resposta rápida, nós vamos “dar cabo” dos antibióticos muito rapidamente. O que é isso de se dizer que tem 70% de hipóteses de correr bem? É muito pouco para o meu doente. É o meu doente e eu preciso de uma segurança maior. Nós começamos a tratar os doentes com medicação de muito largo espetro e de forma muito agressiva, quando muitas vezes não é preciso. A verdade é que sem saber, eles têm que “entrar a matar”. A minha ideia foi sempre “nós temos que tornar isto mais rápido”.
E esta ideia surgiu quando?
Surgiu quando ainda estava a fazer a especialidade. Em Espanha, por exemplo, microbiologia é uma especialidade. Aqui, a nossa especialidade chama-se Patologia Clínica e, por isso, nós temos o estágio em Hematologia, Química, Microbiologia e Imunologia e eu tive de fazer um ano em cada área. Eu já fui com os olhos de microbiologista e quando fui aprender outros equipamentos, pensei “porque não usar isto na Microbiologia?”.
Os testes de suscetibilidade de que falávamos há pouco são feitos de forma diferente noutros lugares?
Os testes de suscetibilidade são demorados em qualquer parte do mundo, não é por nós sermos mais preguiçosos do que os outros (risos). São demorados porque nós pomos em contacto as células com o fármaco e a resposta é perceber se consegue ou não crescer e para isso é preciso tempo. A minha ideia foi “então se eu conseguir tratar as células, as lesões celulares, pelo que está escrito nos livros, eram muito rápidas, eu tenho que arranjar uma maneira de revelar essas lesões sem ser pelo crescimento”.
“Eu nunca quis ser empresária – e ainda é um nome que ainda me soa muito mal –, nunca foi nada disso a minha ideia. O que eu queria era apenas financiamentos para, no fundo, fazer esta investigação.”
E como é que surge a ideia de transformar esta investigação numa empresa?
Muita gente foi-se doutorando comigo, mas eu não tinha nada para lhes oferecer, à exceção do trabalho e não consegui fixar as pessoas. Vai um embora e vem outro, vai outro embora e depois vem outro e era sempre assim. Eu achava que isto era uma pena. E na altura até foi um Vice-Reitor da U. Porto que me disse que eu tinha de fazer uma empresa, porque consegue outros tipos de financiamento, consegue fixar as pessoas e consegue levar isso para a frente. Então lancei-me nesta aventura. Eu nunca quis ser empresária – e ainda é um nome que ainda me soa muito mal –, nunca foi nada disso a minha ideia. O que eu queria era apenas financiamentos para, no fundo, fazer esta investigação. Nós acreditamos que este produto deve chegar ao mercado e para fazer esse caminho era necessário criar uma empresa.
Depois de criada a empresa, quais foram os primeiros passos da Fastinov?
Consegui, a muito custo, uns investidores. São investidores portugueses e que investem muito pouco dinheiro e muito “chorado”, porque eu tinha de lhes explicar tudo – como é que se faz, para que serve, quais são as vantagens, os problemas… – e são pessoas que não são desta área. Eu percebo isto, já que eles depois têm de apresentar estes projetos a uma série de pessoas e também têm de estar seguros do que estão a dizer. A dada altura, eu achava que um deles já sabia fazer o teste (risos). Mas conseguimos dois investidores portugueses e entramos os três: eu, o Acácio (meu marido e diretor do laboratório de microbiologia) e a minha primeira estudante de doutoramento. Então, nós os três e a Armilar e a Busy Angels (capitais de risco), com um pequeno financiamento conseguimos contratar as pessoas que eu tinha na altura e, pela primeira vez, eu tinha pessoas dedicadas ao projeto e a trabalhar a 100%. Isso, obviamente, foi um salto qualitativo muito grande.
Há um marco muito importante na vida da Fastinov. O investimento da Comissão Europeia foi fundamental?
Sim, claro. Foi uma coisa muito importante e da qual estamos ainda a viver: um projeto europeu. Fizemos um consórcio – nós somos os líderes –, temos cinco empresas a trabalhar connosco e a ideia é fazermos uma validação clínica do kit.
“Eu tive um colega que me avisou que no laboratório são mais os dias maus do que os dias bons. No Hospital nós sentimos sempre “pelo menos ajudei alguém”.”
A Cidália tinha horário completo na Faculdade e no Hospital. Durante quanto tempo é que trabalho assim e quando é que decidiu dedicar-se ainda mais à Fastinov?
Eu estive assim mais de 20 anos. Eu só suspendi há dois. Portanto, durante 20 anos fiz sempre horários completos quer de um lado, quer do outro. Há quatro anos, fiquei Professora Associada e então exigiam que eu estivesse mais na Faculdade do que no Hospital e então reduzi o meu horário no Hospital, mas trabalhava sempre de manhã no Hospital e à tarde na Faculdade. Custou-me muito largar o Hospital, porque são muitos anos e onde mais sentimos que somos úteis e que trabalhamos para as pessoas. Eu tive um colega que me avisou que no laboratório são mais os dias maus do que os dias bons. No Hospital nós sentimos sempre “pelo menos ajudei alguém”. Então achava que ia sentir alguma falta, mas este projeto é de tal forma gigantesco e tenho tanta gente à minha responsabilidade, que eu não tive ainda tempo para respirar. Eu nunca trabalhei tanto na vida e nunca tive tanta coisa por fazer ainda (risos).
Qual é o maior objetivo a curto-prazo da Fastinov?
É encontrar um parceiro industrial. Eu acho que nós já fizemos o nosso papel de pequena empresa. Quando terminar este investimento ou temos outra ronda de investimento ou encontramos um parceiro industrial, que é o que mais agrada, porque no fundo é o nosso cliente. Nós nunca seremos uma empresa que anda a vender os testes. É preciso mais força de vendas do que força de investigação e não é isso que eu quero para a empresa.
Daqui a 5 ou 10 anos onde é que a Cidália quer que esteja a Fastinov?
Eu acho que a Fastinov deve crescer, mas acho que tem potencialidade ainda para crescer aqui. O que eu gostava era que confiassem em nós para desenvolver outros produtos. Sozinhos vai ser difícil chegar ao mercado, então eu prefiro aliar-me a um parceiro industrial, com quem houvesse uma parceria em que pegassem no produto e fizessem o que há para fazer para que possa chegar ao mercado. E nós ficávamos mais na parte de desenvolvimento de novos produtos.
Qual é o grande desafio de criar uma empresa?
Eu acho que é o facto de dependermos de muita gente. Por um lado, tenho muita gente a meu cargo, mas isso sempre tive porque sempre liderei as minhas equipas de investigação. A minha autoridade é científica e não mais que isso. Não é por ser CEO que mando mais que os outros, é por ter mais experiência, por ter estudado mais ou por este ser o projeto quase da minha vida. Agora, a relação com investidores e a relação com uma série de competências que nós não temos – como financiamentos, contas, fazer pagamentos – são difíceis. Mensalmente, eu tenho de dar contas do que fiz e nós não estamos habituados a isto na Faculdade. Temos os nossos projetos, os nossos objetivos, mas não temos de reportar a ninguém.
Já estudou alguma coisa relacionada com negócio?
Não. Nem quero (risos)! Acho que também não é preciso sabermos todos de tudo. A chave é encontrar uma equipa multidisciplinar que seja complementar. E isto é muito complicado, porque basta um elemento disfuncional para estragar tudo.
O facto de ser professora e ter estado tanto tempo no hospital ajuda de alguma maneira na gestão da Fastinov?
É difícil fazer-se isto tudo, é difícil trabalhar no hospital e na faculdade, mas não vejo que a coisa pudesse ter sido de outra maneira. Eu tinha muitos projetos na Faculdade e diziam-me para eu ficar só lá, mas eu precisei da experiência no hospital para melhorar os meus conhecimentos. Dar aulas é uma coisa que me dá muito prazer, não tenho uma carga horária enorme, mas gosto muito de o fazer. Eu acho que este também é um bocadinho o segredo das coisas correrem bem. Se calhar se eu estivesse a fazer sempre a mesma coisa só num sítio, acho que não corria tão bem. Eu às vezes quando vou da UPTEC à faculdade de carro já sei porque é que a experiência correu mal (risos). Tudo isso acaba por se complementar.
Apesar de parecer que não sobra grande tempo para outras coisas, Cidália consegue ainda ajudar nos trabalhos de casa dos filhos e faz questão de fazer o jantar. Dos quatros filhos, três já estão ligados à Medicina e o mais pequeno chateia-se quando os irmãos não vão jantar a casa. Cidália pensou que ia ser pediatra, mas acabou a apaixonar-se pelo laboratório.
Quando era criança, o que queria ser quando fosse grande?
Nunca me lembrei de ser outra coisa que não médica. Os meus pais são médicos, os meus irmãos foram os dois para Medicina, o meu avô era médico, o meu padrinho era médico e os amigos dos meus pais eram médicos. É uma coisa quase que hereditária, porque nós nem sequer nos lembramos de ser outra coisa (risos).
E já tinha alguma especialidade em mente?
Eu adoro miúdos. Miúdos e medicina era pediatria, não havia outra hipótese. Eu sempre quis ser pediatra, até conhecer as crianças doentes. Quando me apercebi que sofria muito com os miúdos doentes… Eu acho que tinha dado uma boa pediatra. O meu marido dizia para não ir para pediatria, porque eu ia a chorar para casa. Eu envolvo-me muito com as pessoas. Aliás, eu tenho uma dificuldade tremenda em decorar os nomes das pessoas, mas nunca me esqueci do nome de um doente.
Há algum momento decisivo durante ou depois do curso que a tenha feito mudar de ideias?
Há coisas que nos marcam muito. Eu durante o curso tive um professor – que já não está connosco –, o Professor Daniel Moura, que teve aquele papel crucial na vida de uma pessoa. Primeiro pela admiração que se tem por um professor, e depois porque eu comecei a fazer investigação com ele. E eu percebi que aquele homem era um sábio e ele não vê doentes, ele é médico, mas não vê doentes. Foi aí que comecei a perceber que se conseguia ser útil de outra forma. Ele estava só na investigação, tinha sido uma opção muito difícil para ele, mas que ele era feliz ali. E eu percebi que se eu tivesse um assunto que me entusiasme muito, eu sou capaz de fazer medicina sem ter doentes.
Fora do laboratório, do hospital e da Fastinov, o que é que a Cidália mais gosta de fazer?
Os trabalhos de casa com os meus filhos (risos). Eu tenho uma vida familiar muito intensa também, porque eu tenho 4 miúdos. São três mais um, porque tenho 3 muito juntos e depois tenho um pequenito. Há muita gente que espera por ter a sua carreira profissional mais que pronta para começar a ter os filhos. Nós sendo os dois médicos e tendo a carreira hospitalar… Eu tive o nosso primeiro filho estava no segundo ano da especialidade. Agora as pessoas esperam para acabar a especialidade, porque depois não sabem como é. Bem, nós também não sabíamos, nem tínhamos garantias nenhumas.
Pois, a Cidália tem também uma família bem grande…
Dos quatro filhos, duas (26 e 25 anos) já são médicas, o Pedro (22 anos) está no quinto ano de Medicina e o mais pequenito – que é quase filho de nós todos, porque eles participam muito na educação dele – tem 12 anos. Eu nunca saía da Faculdade antes das 19h00, ia a correr buscá-los à escola e era sempre a última. Aliás, eles têm umas histórias não muito bonitas que contam acerca disso (risos). Depois fazia sempre questão de ir sempre com eles para casa. Percebi também que eles à medida que vão crescendo vão precisando cada vez mais de nós, porque um bebé tanto brinca em casa como na escolinha. Depois, precisam de fazer os deveres, precisam de acompanhamento e sempre fiz questão de fazer eu isso. Os meus filhos nunca tiveram explicação, sempre fui eu a fazer isso e adoro! Adoro mesmo fazer isso, acompanhá-los, fazer os trabalhos de casa… A minha filha até dizia: “Tu gostas tanto de trabalhos de casa que eu acho que vou pedir para ti.” (risos). Portanto, eu ia para casa e desligava do que estava a fazer e às vezes bem me custava, porque até estava a meio de uma experiência, mas tinha mesmo que ir buscar os miúdos. E eu acho que isso acabou por me equilibrar, porque senão eu ia para casa e continuava na mesma. Assim, chego a casa, vejo se eles precisam de ajuda – agora é só o pequenito e é quase filho único (risos) –, faço o jantar e começo a trabalhar mal possa. Muitas vezes, ia adormecê-los e começava de novo até às tantas para acabar qualquer coisa. Eu podia ter alguém que os fosse buscar e que tomasse conta deles, mas eu acho que uma mãe é insubstituível. E por muitas atividades que nós tenhamos, há aquelas coisas que são a nossa prioridade e eles são a minha prioridade. Por muito grande que seja a descoberta que eu esteja prestes a fazer, se um deles está com uma dor de barriga estraga-me tudo e eu vou ter que ir socorrer. Mas de facto, tenho a vida familiar muito preenchida… E tenho os meus pais que tenho também de acompanhar e há, pelo menos, um dia da semana que faço questão de estar com eles. Espero também que estas coisas eu esteja a transmitir aos meus filhos. Tem que haver um certo equilíbrio e não fácil. Sobretudo, acho que tenho uma qualidade que é gerir bem o tempo. Eu não deito fora nenhum bocadinho de tempo.
Sim, eu também acho que consegue gerir muito bem o seu tempo (risos). No meio de tanto trabalho, investigação, aulas e muito mais, a sua família é, ainda assim, a sua prioridade.
Eu sei que trabalho muito, mas há coisas que tenho de ser eu a fazer. Ninguém pode substituir uma mãe e as funções de mãe não devem ser substituídas por ninguém. Ser mãe é a minha principal função. Nós temos uma família bastante unida que tenta sempre, pelo menos, jantar junta. Ao almoço quase ninguém se vê e é engraçado que o pequenito agora tenta sempre ajudar nisso… Os outros já são mais velhos e telefonam-me em cima da hora a dizer que não vêm jantar – e eu já nem digo nada –, mas ele resmunga sempre. Portanto, eles ao fim de dois ou três dias sem vir jantar, sentem-se na obrigação de vir (risos).
Cidália, qual é o seu maior defeito?
O meu marido diz que eu sou teimosa (risos). Às vezes sou um bocado distraída, leio as coisas de forma enviesada e afinal não era bem assim. Isso é uma consequência de fazer muita coisa ao mesmo tempo. E também quando acredito numa coisa e estou muito convicta, luto por ela até ao fim. Sou muito perseverante e, em demasia, acaba por ser um defeito. Não desisto de forma fácil das coisas.
Isso não pode ser também uma qualidade sua?
Sim, qualidade e defeito… Por exemplo, eu confio demasiado nas pessoas. Confiar nas pessoas é capaz de ser uma qualidade, mas confiar demasiado é um defeito. Eu à partida confio nas pessoas e já tenho tido algumas desilusões, mas eu dou sem o benefício da dúvida. Aliás, às pessoas que vêm ter comigo e dizer que querem trabalhar aqui, eu respondo: “Então trabalha.”. Depois vem o meu diretor de serviço perguntar as notas e o currículo da pessoa, mas eu só lhe digo que era alguém que queria trabalhar. Eu tenho que dar uma oportunidade.
Se pudesse escolher, qual era a pergunta que gostava de ver respondida?
Hmmm, não sei bem.
Seria uma pergunta da sua investigação?
Porque é que aquilo deu mal há bocado (risos). Não, tenho de pensar um bocadinho para essa pergunta… Se calhar seria saber o que os meus alunos pensam de mim.
O que é que sempre quis fazer, mas nunca conseguiu?
Há muita coisa de investigação que eu nunca consegui fazer. Nós sempre trabalhamos com os recursos mínimos – e quando eu digo mínimos, é mesmo mínimos! Nós não tínhamos quase material para trabalhar. Lembro-me que fiz uma festa quando veio o primeiro marcador fluorescente que demorou meses a chegar. Eu agora consigo ter material para trabalhar, o que é uma grande felicidade para mim. Ainda assim, nós temos muitas limitações. E em Portugal estamos muito habituados ao “se não tens cão, caça com gato” e fazemos na mesma. Eu sou terrível nisso, porque faço na mesma. Quando eu quero fazer uma coisa, faço na mesma, seja com material de qualidade ou não.