Daniela Cunha: “Onde é que vejo a Wise Pirates daqui a cinco anos? Vamos estar a partir tudo, sem dúvida!”

A Daniela Cunha tem 26 anos, estudou Marketing no ISCAP e já passou pela Porto Business School. Apesar de ter nascido na cidade do Porto, cresceu e viveu por Castelo de Paiva. Como detestava ter um trabalho das 9h às 18h atrás de uma secretária a olhar para números, decidiu juntar-se ao Pedro Barbosa e fundar a Wise Pirates. A música e o piano sempre fizeram parte da sua vida e passear com a Luna – a sua cadela – traz-lhe a “tranquilidade que precisa”.

Daniela, o que é a Wise Pirates? O que é que vocês fazem?

Bem, vou ativar o modo pitch (risos). Então, a Wise Pirates é uma agência de performance e marketing digital. Mais do que uma agência de marketing digital tradicional, vemo-nos como business partners. A Wise Pirates é, e quer ser sempre, parte da equipa do cliente. Queremos estar super envolvidos no negócio, falar muito mais de KPIs (Key Performance Indicator) do negócio, do que de KPIs digitais, sendo que eles são muito importantes também. Queremos perceber, antes de tudo, o negócio e muitas vezes as nossas perguntas são mais relacionadas com o negócio do que propriamente com marketing. Os nossos clientes, ao início, até acabam por estranhar. Acho que o mercado não habituou as empresas a terem este tipo de abordagem.

Quando é que surgiu a Wise Pirates?

Nós começámos há dois anos e meio com três pessoas, entrou logo a seguir uma outra pessoa. Nós começámos mesmo com zero clientes. Tínhamos, claro, algum networking e uma rede de contactos para alavancarmos o projeto, mas foi muito acreditarmos na nossa proposta de valor e agarrá-la como podíamos.  

E quantas pessoas trabalham agora na vossa empresa?

Neste momento, somos  25 pessoas. A nossa perspetiva é crescermos 200%, no próximo ano, tal como aconteceu este ano. Isso, claro, implica grandes crescimentos na equipa.

Então e por que é que tu e o Pedro decidiram criar a Wise Pirates?

Essencialmente, encontramos um gap de mercado. Sabíamos que o mercado internacional já estava muito voltado para este tipo de digital partners, de agências de performance, e sabíamos também que o mercado português ainda não estava assim. Havia uma ou duas empresas nesse território, mas ainda não estavam totalmente estabelecidas. Acreditamos num modelo de transparência e de cooperação, e acima de tudo, partilha de risco com os clientes. Somos pagos consoante os resultados. Temos um modelo de base fee, ao qual acresce um performace fee, portanto temos uma base que, normalmente, não cobre sequer os custos alocados ao projeto. Adicionamos a isso uma vertente de performance, cuja percentagem varia de projeto para projeto. Isto permite que ambas as partes estejam envolvidas e motivadas com os resultados e, obviamente, obriga a uma partilha de risco entre nós e o cliente.

E quais são as vossas diferenças em relação às outras agências de marketing digital?

São algumas que já falamos anteriormente, partilha do risco, transparência, e capacidade analítica. Na Wise Pirates, por exemplo, fazemos todas as campanhas nas próprias contas do cliente, ou seja, têm total acesso a tudo que estamos a fazer em tempo real. Conseguem sempre estar a par do que está a ser feito, quais são os resultados, para onde estamos a ir e qual é o caminho. Além disso, o facto de nós termos uma performance fee, a partilha de risco com o cliente e o nosso grau de envolvimento com o negócio são, também, fatores diferenciadores. Entramos completamente no negócio e percebemos quais são os desafios e metas do projeto e das empresas. Os nossos objetivos têm de ser os mesmos dos nossos clientes. Eu não posso trabalhar para um KPI x, se a empresa tem um KPI y. Os nossos clientes sabem que nós estamos envolvidos com o projeto e confiam em nós.

A Wise tem, mais ou menos, dois anos e meio. Consegues identificar alguns milestones da empresa?

Pergunta difícil. Os primeiros clientes, as minhas campanhas e os primeiros resultados foram sempre vitórias. Quando comparas um ano com o ano anterior e vês o crescimento brutal que tivemos, também é incrível. Teres projetos que chegam até ti, sem presença no digital e tu tens a oportunidade de criar tudo de raiz, assim como clientes que já têm bons números e tu tens de melhorar ainda mais os resultados… Isso é também são conquistas para nós. E claro, virmos para a UPTEC também foi uma delas – até porque nós viemos de um local muito pequeno. Não apenas pelo ecossistema, mas por todo o apoio que temos sentido na alavancagem do nosso projeto. A nossa vinda para cá foi estratégica, porque nós sabíamos o valor que esta comunidade nos acrescentaria. Além disso, o nosso segundo aniversário foi muito importante. Tivemos uma pessoa da Google e outra da Salesforce, que nos trouxeram insights muito interessantes. E fechamos recentemente uma parceria internacional com uma das maiores agências Google Partner do mundo: a DQ&A, que nos permiteo ser parceiro tecnológico da Google e comercializar toda a sua suite de produtos – e só duas empresas em Portugal estão autorizadas a fazê-lo.

“O Pedro tem sido um verdadeiro capitão do nosso barco.”

Olhando para trás, o que é que tu mudavas na Wise Pirates?

Eu acredito mesmo que nada acontece por acaso. Temos conseguido antecipar alguns possíveis erros ou dificuldades – o que nos tem ajudado muito – e isso deve-se à visão do Pedro, que tem sido um verdadeiro capitão e líder do nosso barco. Respondendo à pergunta, talvez tivesse vindo para a UPTEC mais cedo (risos).

Qual é o vosso maior desafio neste momento?

É um misto de recrutamento com crescimento, no fundo. Queremos continuar a ter uma equipa forte e coesa – queremos contratar pessoas júnior que vêm para crescer e sénior que vêm acrescentar valor e expertise aos nossos projetos.

Ter uma equipa com 25 pessoas já não é brincadeira nenhuma (risos)…

Não é mesmo. E se me dissesses, há dois anos, que nesta altura íamos ter uma equipa assim, eu… não te digo que não acreditava, mas não me passava pela cabeça. Por exemplo, nós quando chegamos à UPTEC éramos oito, em janeiro de 2019.

Onde é que queres ver a Wise Pirates daqui a cinco anos?

Queremos ter já uma presença internacional, sem dúvida. Consolidar a nossa presença no mercado português e chegarmos a alguns clientes que, neste momento, ainda não conseguimos. Mas, sem dúvida, que daqui a cinco anos vamos estar a partir tudo (risos)!

Quantos clientes é que vocês têm agora?

Temos cerca de 60 clientes, que vão desde unipessoais ou projetos bastante pequenos até multinacionais. Saliento, claro, as startups que têm uma importância enorme para nós – pelo dinamismo, velocidade e aprendizagem. 

E vocês também trabalham com algumas empresas da UPTEC, não é?

Sim, sim. Temos trabalhado com empresas como a Strongstep, Barkyn, WAYZ e muitas vezes em parceria com a Adclick… Já temos tido inúmeros contactos e referências vindas de pessoas da UPTEC.

Apesar de nunca se conseguir desligar totalmente da Wise Pirates – nem ao fim de semana –, Daniela gosta sempre de passar o fim de semana junto da sua família, em Castelo de Paiva. A Academia de Música de Castelo de Paiva foi a segunda casa da Daniela durante muitos anos e foi onde cresceu como música, pianista e como pessoa.

Além de teres a vida atribulada de uma especialista em marketing digital (risos), tu também estudaste piano. O que é que a música te trouxe?

Eu estudo música desde os 6 anos e fez sempre parte de mim. Estudei Piano até ao 8º grau na Academia de Música de Castelo de Paiva, com a Prof. Eliana Veríssimo, e isso contribuiu imenso para o meu crescimento: soft skills, trabalho em equipa, responsabilidade, saber gerir mil coisas que acontecem ao mesmo tempo, saber estar num palco e lidar com público… essencialmente acho que te dá muita capacidade de foco e de lidares com muitas pessoas. Tínhamos disciplinas como orquestra, classe de conjunto, e tu sentes que fazes parte do grupo e que cada pessoa é importante. Isto também passa muito para uma equipa, porque se estivermos juntos ficamos mais fortes, mas precisamos das características individuais de cada um para conseguirmos coisas espetaculares. 

Como é que tu concilias o facto de seres professora de música com o trabalho na Wise Pirates?

Tem sido cada vez mais difícil gerir, mas tento sempre fazê-lo. 

É uma coisa que não queres deixar de fazer, certo?

De todo. Não quero mesmo deixar de fazer isto, embora nos últimos tempos tem sido um desafio muito grande. Não quero perder a ligação à música e à formação musical e como isso me faz falta, tenho feito um esforço para conseguir conciliar.

Como é que tu chegaste até professora de música?

Foi tudo muito orgânico (risos). Fui convidada, basicamente. Eu fiz o oitavo grau, depois estive algum tempo na orquestra e banda de música. Depois disso convidaram-me para dar aulas na Banda onde eu tocava, através de uma professora minha. Foi sempre por convite e referências de alguém.

Se não fosses especialista em marketing digital, o que é que tu querias ter sido?

Teria de estar relacionado com pessoas e com criatividade. Odiava ter um trabalho das 9h às 18h em que estivesse numa secretária a olhar para o computador e a ver apenas números (risos). Eu adoro a parte analítica do meu trabalho, mas faz-me muita falta conhecer e estar com pessoas, explorar a parte mais criativa e de negócio. Agora, o que é que eu seria…? Olha, acho que tinha jeito para trabalhar com crianças, por exemplo (risos). Educadora de infância, trabalhar num programa de educação, talvez. Não penso muito nisso, para te ser honesta. 

E em criança o que é que querias ser?

Olha, queria ser professora mesmo. Sempre pensei muito nisso e me revi, por acaso.

Tens alguma coisa que tenhas mesmo de fazer todos os dias?

Todos os dias? Passear com a minha cadela, sem dúvida, dá-me uma tranquilidade que eu preciso. Normalmente passo o dia a correr entre reuniões, projetos, chamadas e mensagens e sabe muito bem teres aquele momento para ti. Ah, e fazer desporto também é super importante para mim.

“Eu vejo tudo [os projetos] como se fosse meu e, por vezes, é bom conseguirmo-nos distanciar das coisas – e ser menos emocional.”

Qual é o teu maior defeito, Daniela?

Olha, sou mega emocional e, às vezes, dá jeito colocar o chip mais racional. 

Com as pessoas, é isso?

Com as pessoas e mesmo com os projetos. Eu vejo tudo [os projetos] como se fosse meu e, por vezes, é bom conseguirmo-nos distanciar das coisas – e ser menos emocional. Também sou um pouco teimosa (risos).

E qualidade? O que é que salientas?

Agilidade, positividade e capacidade de adaptação a todas as situações. Eu acho que tenho uma boa capacidade de, perante uma determinada situação, não olhar para o problema, mas sim para a solução. Acho que me consigo adaptar bem aos desafios que vão aparecendo. 

Tens alguma coisa que te arrependas na tua vida?

Não, acho que não, sinceramente. Eu sou um pouco go with the flow, porque as coisas vão acontecendo. Claro que tens de estar atento aos sinais e há oportunidades que tu deves sempre agarrar – e a Wise Pirates foi isso mesmo na minha vida.

Ao longo da tua vida tens pessoas que tenham marcado o teu percurso?

Acho que o Pedro foi uma das pessoas que mais me marcou profissionalmente. Eu conheci o Pedro nas Jornadas de Marketing do ISCAP e ele chegou lá com uma atitude completamente diferente do resto dos oradores e, a partir daí, fui acompanhando o percurso dele. Depois surgiu a oportunidade de ir trabalhar com o Pedro no El Corte Inglés e agarrei-a. Tenho crescido muito com ele, sem dúvida nenhuma. E tenho de falar dos meus pais, que me mostraram sempre que apesar das dificuldades, devemos sempre lutar pelo que queremos. Além disso, o meu avô, claramente, que é das pessoas mais bonitas por dentro que eu conheço. 

Qual é o teu dia preferido da semana?

Antes era a sexta, mas agora são caóticas, na verdade (risos). Talvez seja o sábado e domingo, porque consigo ter uma tranquilidade diferente – e Castelo de Paiva também me dá muito isso. É nessa altura que respiro e penso “é mesmo incrível estar aqui”.

O que é que tu, normalmente, fazes num sábado?

Faço muitas coisas diferentes e depende muito dos dias. Vou com a minha cadela até ao rio, estou com a minha família, vou tomar café com os meus amigos, passar tempo com o meu namorado, a minha irmã, os meus pais…. Muita coisa, desde que envolva estar com os meus. 

*Agradecemos ao Orfeão Universitário do Porto pela disponibilidade e amabilidade com que nos receberam para fotografarmos no seu espaço.*

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