Fraunhofer lidera projeto pioneiro de Inteligência Artificial em bases de dados no contexto da saúde

O Fraunhofer Portugal AICOS, instituto sediado na UPTEC — Parque de Ciência e Tecnologia da U. Porto, coordena o projeto AISym4MED, que tem como objetivo colmatar algumas das lacunas existentes na utilização de Inteligência Artificial em dados recolhidos no âmbito da saúde.

David Belo, investigador sénior do FhP-AICOS e coordenador do projeto.

Um dos problemas associados ao uso de Inteligência Artificial em contextos de saúde está relacionado com as características dos dados existentes: por norma, dados não controlados; com pouca qualidade; falta de confidencialidade; e tendenciosos por serem muito específicos e focados em características culturais, locais e regionais dos países onde são recolhidos.

Este foi o ponto de partida para a criação do AISym4MED, um projeto financiado pelo Horizon Europe, UK Research and Innovation e Swiss Confederation, em cerca de 7 milhões de euros, coordenado pelo centro de investigação Fraunhofer Portugal AICOS (FhP-AICOS), instalado na UPTEC. Através de um consórcio de 15 instituições, o AISym4MED pretende abordar as limitações da Inteligência Artificial no contexto dos cuidados de saúde, criando ferramentas para resolver problemas como a dispersão de dados, parcialidade, falta de fiabilidade e questões de privacidade. A anonimização dos dados assume um papel tão importante que dois parceiros do consórcio são responsáveis, única e exclusivamente, pelas questões éticas e legais de todo o projeto. Pretende-se trabalhar e aglomerar os dados para que sejam reconhecíveis, mas nunca identificáveis. O foco na preservação de privacidade é tal que vão ser desenvolvidas métricas que assegurem que a qualidade dos dados é preservada.

O objetivo é diminuir a tendenciosidade das bases de dados. Recorrendo a técnicas de Inteligência Artificial será possível alterar, imagens, biosinais e dados clínicos das diversas bases de dados para manter a anonimização dos utilizadores (ex.: eliminar tatuagens ou cicatrizes em imagens de estudos de cancro de pele). No final dos quatro anos do projeto, haverá uma plataforma digital desenhada para quatro grupos específicos: investigadores, clínicos, data scientists (cientistas de dados) e a indústria farmacêutica.

Para além da coordenação do projeto, o instituto sediado na UPTEC é responsável por gerar dados e pela auditoria de modelos de forma a torna-los melhor preparados para o contexto real. O projeto, que arrancou no final de 2022, procura desenvolver ferramentas, tecnologias e soluções digitais inovadoras, imparciais e distribuídas, baseadas em IA, para benefício de investigadores, pacientes e prestadores de serviços de saúde, valorizando acima de tudo as questões éticas e de confidencialidade dos dados.

Na dianteira da inovação, o Fraunhofer Portugal AICOS (FhP-AICOS) assumiu o desafio de disponibilizar dados de qualidade para a investigação médica através de uma plataforma que combina novas técnicas de anonimização e medidas de privacidade (Machine Learning e Synthetic Data Generation). A geração de dados sintéticos será submetida a medidas de controlo rigorosas para garantir a representatividade, contribuindo assim para soluções digitais mais robustas.

E aqui reside o fator inovador do sistema agora em desenvolvimento. As técnicas a implementar vão permitir fazer uma síntese de dados através da técnica de “federated learning” (utilizada para treinar modelos de Machine Learning), mas usando práticas para geração de dados. Ou seja, a aplicação destas técnicas vai gerar novos dados, esses, sim, sujeitos a avaliações e métricas que preservem a total privacidade e anonimização dos dados.

Para David Belo, investigador sénior do FhP-AICOS –  instalado na UPTEC –  e coordenador do projeto, a plataforma “apoiará o desenvolvimento de soluções e serviços digitais para aplicações médicas, permitindo aos inovadores avaliar e melhorar os sistemas de IA num ambiente seguro e de confiança”.

 

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