“A relação com os oceanos precisa urgentemente de ser repensada”

Miguel Fernandes, General Manager da Flowtech

As empresas ligadas à Economia do Mar enfrentam tempos de mudança profunda, com o surgimento de novas soluções que vão ao encontro das expectativas de uma sociedade cada vez mais exigente, com características que têm vindo a alterar-se profundamente nos anos mais recentes. Perceber as novas realidades e os novos comportamentos na área da Economia do Mar e dos oceanos facilita a tarefa das empresas que operam neste mercado, sobretudo daquelas que pretendem desenvolver o seu negócio internacional, uma vez que estas questões, já visíveis no nosso país, são ainda mais prementes em países mais desenvolvidos.

Os anos mais recentes têm reforçado a ideia de que a nossa relação com os oceanos precisa urgentemente de ser repensada. Perante o impacto ambiental das embarcações que utilizam combustíveis fósseis e o uso dos mares como autênticos aterros, onde se despejam anualmente toneladas de detritos, muitos deles plásticos, entre muitos outros fatores prejudiciais ao ambiente aquático, torna-se necessário e urgente implementar novas medidas que permitam à sociedade beneficiar de uma hidrosfera saudável e sustentável.

As atividades económicas relacionadas com os oceanos estão a desenvolver-se num cenário de aumento da população global, consumo crescente e necessidade cada vez maior de novas fontes de alimentos, de energia e de minerais. Por exemplo, até 2030, prevê-se que dois terços do peixe para consumo alimentar seja proveniente de aquicultura, grande parte no mar (Banco Mundial, 2013). Prevê-se, igualmente, que, até 2030, a produção de energia eólica ao largo da costa aumente para se tornar a principal tecnologia de geração energética (IRENA, 2016) e que o transporte de comércio marítimo quadruplique até 2050 (ITF, 2015).

As PME Azuis são vitais para o sucesso a longo prazo da economia azul e o desenvolvimento sustentável das regiões marítimas.

Existindo cada vez mais uma consciência sobre a importância dos Oceanos, a nível Europeu foi constituído o intergrupo SEARICA (Mares, Rios, Ilhas e Zonas Costeiras) um dos 27 Intergrupos aprovados a 11 de dezembro de 2019 pela Conferência dos Presidentes da 9ª legislatura do Parlamento Europeu. O Intergrupo Mares, Rios, Ilhas e Zonas Costeiras reúne mais de 100 eurodeputados de 7 grupos políticos diferentes e 23 Estados-Membros.

O Intergrupo e a Comissão Europeia têm como objetivo garantir que as necessidades das PME´s Azuis e regiões costeiras, sejam atendidas no contexto atual. Mares e oceanos, rios e ilhas estão, mais do que nunca, no centro dos desafios estratégicos da União Europeia, existindo a necessidade de promover uma forte dimensão marítima nas diferentes políticas da UE.

As PME Azuis, ativas em setores como as energias marinhas renováveis, transporte marítimo, pesca e aquicultura, turismo costeiro e biotecnologia marinha, são vitais para o sucesso a longo prazo da economia azul e o desenvolvimento sustentável das regiões marítimas.

Existe a necessidade de promover uma forte dimensão marítima nas diferentes políticas da União Europeia.

No entanto, muitas empresas desses setores enfrentam barreiras ao crescimento e estão atualmente sob grande pressão devido à redução da oferta de energia e ao aumento de preços causados pela atual situação geopolítica. Além disso, espera-se que eles acompanhem a transição verde e digital e adaptem seus modelos de negócios às novas necessidades e exigências.

Embora a existência de esquemas de financiamento de apoio às PME e startups azuis a nível da UE, nacional e regional seja muito positiva e sinalize a importância do ecossistema das PME para a economia europeia, a fragmentação e complexidade dos fundos conduzem a dificuldades no seu acesso.

Neste contexto, é importante fornecer respostas concretas sobre como as PME azuis podem superar as barreiras e aproveitar a digitalização e as oportunidades “Green”. Um discussão essencial que o evento Opportunities and challenges for Blue SMEs and Maritime, a decorrer no dia 25 de janeiro no Parlamento Europeu, trará, certamente, à tona.  A sessão, organizado pela deputada Josianne Cutajar, vice-presidente da SEArica para as PME e Digitalização, será a ocasião para mostrar os desafios de digitalização enfrentados pelas PMEs azuis e participar de uma discussão sobre o oportunidades disponíveis e maneiras de liberar seu potencial e apoiar totalmente seu desenvolvimento.

Flowtech marca presença em evento do Parlamento Europeu

A Flowtech/Foodintech foi convidada a partilhar, neste evento, a sua experiência como partner do projeto SAFER (www.safer-atlantic.eu), um projeto transnacional de inovação. Este projeto tem como um dos objetivos promover a transferência de tecnologia e métodos de colaboração no setor das Indústrias de Pescado, implementando e avaliando em conjunto a implementação de pilotos – Living Lab. Na prática este projeto permitiu a implementação de cinco pilotos da tecnologia FLOW M, um software MES – Manufacturing Execution System, em cinco unidades industriais na área do Pescado: Fase 1-  Mytilimer (França); Irish Fish Canners (Irlanda); Nortsea (Portugal); Fase 2 – Thaeron (França) e Consorcio Español Conservero (Espanha).

Publicado a 19 de janeiro de 2023

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