Tiago Ilharco: “Decidimos dar o passo em frente — sem saber se teríamos um precipício — e criar a empresa em pleno pico de crise na construção civil, em 2011.”

O Tiago Ilharco tem 41 anos, estudou na FEUP e é cofundador do NCREP. Acredita que o sucesso da empresa se deve ao facto dos “sócios funcionarem bem entre si e a equipa ser tão importante”. Já visitou 42 países — entre Laos, Israel, Venezuela, Nepal, Índia e muito mais — e diz que "ainda tem muita coisa para conhecer". Pratica desporto de manhã porque lhe "rende mais" e há dois anos e meio que tenta sair mais cedo do trabalho para poder ter mais tempo de qualidade com a sua família.

O que é o NCREP?

O NCREP é uma empresa de projeto e consultoria em Engenharia Civil, que presta um conjunto de serviços com um âmbito bastante alargado. Começa na parte de Inspeção e Diagnóstico, ou seja, na avaliação inicial de construções existentes — sejam elas edifícios, pontes, igrejas, entre outros. Depois essa Inspeção e Diagnóstico resulta num conjunto de informações que utilizamos para realizar o projeto de Reabilitação Estrutural das construções. Além disso, muitas vezes pedem-nos para fazer a monitorização do comportamento dessas construções ao longo do tempo. Imagina, vamos começar agora a fazer a monitorização da escada da Livraria Lello para perceber como é que funciona ao longo do tempo e tendo em consideração o grande uso a que é sujeita diariamente.

E quando é que surge a ideia de criar este projeto?

O NCREP nasce oficialmente em 2011 — quando criámos a empresa —, mas a ideia surge um bocadinho antes. Nós somos cinco sócios — eu, Alexandre Costa, Bruno Quelhas, João Miranda Guedes e o Valter Lopes — e trabalhámos juntos durante alguns anos na Faculdade de Engenharia da U. Porto (FEUP), desde 2005. Em 2011 decidimos criar a empresa para podermos ter um âmbito mais alargado nos nossos serviços. Na FEUP os serviços prestados cingem-se mais à consultoria e nós queríamos mais do que isso. Decidimos, então, criar a empresa para conseguirmos crescer, ter autonomia e para podermos prestar todos os serviços que queríamos.

Decidimos dar o passo em frente — sem saber se teríamos um precipício — e criar a empresa em pleno pico de crise na construção civil, em 2011.

Os cinco sócios são alumni FEUP? Estudaram todos lá, certo?

Sim, sim. Estudámos todos na FEUP, mas já o João Paulo, o Bruno e Alexandre fizeram parte da sua formação fora do país também. Entre doutoramentos e mestrados em alturas diferentes, estiveram os três em Itália a estudar. Eu estive na Noruega a fazer o curso de Conservação de Estruturas de Madeira.

Ao longo destes nove anos de história do NCREP, quais são os momentos mais importantes e que tu destacarias?

O momento-chave foi a vontade de criar a empresa. Nós nascemos em 2011, por isso a crise de 2008 estava ali no pico, principalmente para a construção civil. Naquela altura — ao contrário da crise que agora vivemos — houve uma crise efetiva neste setor, portanto nós estávamos a querer constituir a empresa numa altura muito crítica, embora soubéssemos que o que nós fazíamos era numa área muito específica da construção civil e que, à data, já tinha mais procura. Esse é, claramente, o momento-chave. Decidimos dar o passo em frente — sem saber se teríamos um precipício — e criar a empresa em pleno pico de crise na construção civil, em 2011.

Outro marco foi quando tivemos a possibilidade de contratar colaboradores. Isso deu-nos a possibilidade de ter uma equipa mais robusta e canalizar esforços para outras atividades que, até então, estavam menos desenvolvidas — mais angariação de trabalhos, parte comercial e por aí fora.

Passado pouco tempo de começarmos, felizmente, começámos a ter algum reconhecimento no mercado e isso permitiu-nos trabalhar em edifícios que representam um grande orgulho para nós. Esse é também um momento importante.

Quais foram os projetos que mais contribuíram para esse aumento de notoriedade do NCREP?

Diria que, pela visibilidade, o Aqueduto das Águas Livres, Livraria Lello, Igreja de São Francisco, a Muralha de Peniche, a Muralha de Óbidos… A Muralha de Óbidos foi um trabalho espetacular, porque envolveu toda a muralha. Ainda por cima foi no verão, por isso estivemos lá todos de calções e chapéu de palha (risos). Além disso, havia turistas por todo o lado e nós andávamos lá a apontar fissuras e deformações (risos).

Vocês também tiveram um projeto grande e internacional há uns anos. Como foi o trabalho no Butão?

Esse projeto do Butão foi o nosso maior trabalho internacional até agora — até porque não temos muitos trabalhos fora de Portugal. Esse projeto foi muito interessante, porque nós estivemos lá durante um mês a viver numa cultura completamente diferente da nossa. Envolveu o apoio de técnicos locais, estivemos integrados em duas aldeias, as pessoas estavam muito contentes com a nossa presença lá e até fomos recebidos pela Rainha-Mãe, que é a mãe do atual Rei e responsável pela Cultura e Património do país.

E o que é o NCREP foi tentar resolver ao Butão?

Foi um projeto promovido pelo Banco Mundial que tinha como objetivo a melhoria do comportamento sísmico das construções tradicionais do Butão, isto porque o Butão teve dois sismos enormes em 2009 e 2011 que devastaram uma série de edifícios de património tradicional. A ideia era estudar as construções, perceber quais eram as suas principais debilidades e definir medidas de intervenção que promovessem a melhoria do comportamento dos edifícios e que pudessem ser aplicadas pelos locais.

Tantos momentos interessantes e marcantes no NCREP ao longo destes últimos nove anos. Apesar disso, também tiveram fases menos positivas, não?

Os momentos mais difíceis foram os primeiros anos, talvez os primeiros dois anos. Éramos uma empresa nova e tivemos que criar tudo de raiz. Essa fase foi dura, porque em termos de faturação a coisa era complicada e, portanto, éramos nós a dar o peito às balas (risos). Depois há aquele momento em que começas a ter um volume de trabalho maior e começas a ter obrigatoriamente de recrutar pessoas para a tua equipa. Ora, isto pede um equilíbrio entre o fazer crescer a equipa e ter trabalho para as “alimentar”, no fundo. De resto e felizmente, não te consigo dizer que tenha havido muitos momentos complicados. Isto resulta, também, pelo facto de sermos cinco sócios completamente diferentes, mas que nos damos muito bem, nos respeitamos bastante e que nos complementamos — isto para mim é um dos segredos do sucesso.

Portanto, diria que são estes os dois segredos: os sócios funcionarem bem entre si e a equipa ser tão importante como nós.

E tens mais algum segredo, além desse, que possas partilhar (risos)?

O outro segredo é a equipa. Queremos muito preservar e valorizar a equipa que temos. Temos malta na equipa que já está connosco desde que terminaram os cursos e outros que já estão cá há muitos anos. Nós fazemos questão de, sempre que possível, melhorar as condições de quem trabalha connosco — é fundamental. Portanto, diria que são estes os dois segredos: os sócios funcionarem bem entre si e a equipa ser tão importante como nós.

E quais são os próximos passos do NCREP? Quais são os objetivos do NCREP?

A curto-prazo é termos um resultado pelo menos igual ao do ano passado — estamos a trabalhar para que isso aconteça —, ainda que com toda esta questão da pandemia COVID-19. Em março e abril as coisas abrandaram um bocado, mas felizmente depois houve confiança para continuar a promover obras e projetos. Outro objetivo é consolidarmo-nos cá em Portugal como uma empresa de referência na nossa área — neste momento já temos projetos por todo o país. Além disso, começar a ter mais algumas experiências internacionais. Queremos que sejam bem definidas, direcionadas e sem disparar para todos os lados. Nós trabalhamos em património, por isso temos muito para oferecer em todo o lado (risos).

…fundar uma empresa é também um motivo de orgulho quando percebes que a tua empresa dá emprego, que permite às pessoas trabalhar em algo que gostem e que consegues ter um impacto positivo na vida dessas pessoas.

Para ti, qual é o grande desafio de fundar uma empresa?

Eu acho que fundar uma empresa é um projeto super interessante. Obriga-te a batalhar muito e vais ter que desafiar mesmo muitas coisas. Em primeiro lugar, tens de ter a noção que pode haver alturas em que não vais receber dinheiro. Há logo esse grande desafio que tens de ultrapassar mentalmente e é importante ter um backup ou alguma almofada que te permita estar uns meses sem receber. E depois é muito interessante, porque a cada dia tens lutas novas e é uma aprendizagem constante. Todos os dias tens de desempenhar tarefas que não estavas habituado a fazer antes — questões financeiras, gestão, comercial, técnica, recursos humanos. Precisas de ter uma grande sensibilidade para gerir a equipa, isso é mesmo fundamental. Se não souberes gerir os recursos humanos, a coisa não vai correr bem. Além disso, fundar uma empresa é também um motivo de orgulho quando percebes que a tua empresa dá emprego, que permite às pessoas trabalhar em algo que gostem e que consegues ter um impacto positivo na vida dessas pessoas. Perceber que contribuis para que as pessoas estejam bem é muito porreiro. Ah, e perceber que o pessoal traz o almoço e está todo contente porque pode comer neste jardim é espetacular (risos). É, acima de tudo, um projeto muito gratificante.

Como é que o NCREP respondeu à pandemia? Foram afetados de alguma forma?

Nos primeiros dois meses percebemos que houve uma retração dos clientes, tanto no desenvolvimento de projetos que já estavam em curso, como no pedido de novas propostas e angariação de novos projetos. Tivemos dois meses mais calmos. No dia 13 de março fomos todos para teletrabalho — como, aliás, grande parte do país — e as coisas correram bem. Funcionou muito bem, o pessoal encaixou bem e foi tudo muito fluído. Tentámos dinamizar muito a semana, mas não marcando reuniões a mais (risos). Felizmente, sentimos que, a partir de julho, a dinâmica dos projetos, angariações, etc. voltou a estar praticamente igual ao que tínhamos antes do COVID.

O Tiago escolheu o bar da Casa da Música para a nossa conversa, porque, entre outros motivos, é um local que "representa o lado cultural que tanto preza". A América do Sul está na lista dos destinos obrigatórios, mas já existem inúmeras histórias para contar dos 42 países pelos quais passou e emoções de cada cultura que já conheceu. Apesar disso, há dois anos e meio nasceu a Carmo e não há nenhuma emoção que se compare, porque afinal "ter um filho é diferente de tudo o resto".

E já que a vida não é só trabalhar (risos), soube que o teu grande hobbie é viajar. Como é que surgiu este gosto pelas viagens?

A Joana, a minha mulher, adora viajar e sempre viajou muito com os pais. Eles foram, por exemplo, de carro à ex-Jugoslávia e sempre fizeram assim umas aventuras engraçadas. Eu também sempre gostei muito de viajar, portanto desde que começámos a poder viajar tirávamos sempre algum tempo de férias — normalmente fora de agosto — para fazer uma viagem grande. Desde que tivemos uma bebé as coisas ficaram um pouco diferentes, mas a Carmo [filha do Tiago e a Joana] também já começou a passear e já foi Roma e a Munique (risos).

Então esse já é um prazer antigo que vocês têm.

Sim, sim. Começámos a fazer estas viagens em 2000 e pouco, eu diria.

E quais são as vossas melhores viagens ou as que mais vos marcaram?

Olha, eu até apontei aqui para me ir lembrando à medida que vou falando contigo (risos). Fizemos uma viagem muito porreira quando fomos visitar uns amigos que são de Telavive, em Israel, e ficámos em casa deles. Telavive é uma cidade inacreditável! A Joana já conhecia bem porque tem uma série de edifícios da Bauhaus — uma escola de arte que representa o modernismo na arquitetura — mas a cidade é inacreditável em termos de movimento noturno, por exemplo. Eu conheço bem Madrid, que é uma cidade brutal com imenso movimento, mas Telavive ainda é mais! Eu não estava à espera disso, por isso foi uma surpresa enorme e muito agradável. Há sítios mesmo incríveis para comer, sair à noite… Foi uma experiência muito boa! Ainda nessa viagem fomos também a Jerusalém, que é completamente fascinante pela história, cultura e mistura de religiões. Depois alugámos um carro, fizemos o país todo até ao sul para passar para a Jordânia e ir a Petra — essa viagem também foi muito fixe e também passámos pela Palestina. Fomos à Jordânia ter o feeling do Indiana Jones a entrar lá em Petra (risos).

DR: Tiago Ilharco
Sei que também estiveste algumas semanas na Índia, não foi?

Sim, estivemos três semanas por lá. Fomos primeiro a Chandigar, que é uma cidade no norte muito conhecida porque foi desenhada pelo Le Corbusier. Seguimos para Deli, onde ficámos em casa de uma amiga que conheci no curso que fiz na Noruega. Lá fiquei dois dias de cama, porque os nossos organismos “betos” não aguentam aquilo (risos). Índia, em termos de emoções, foi a viagem mais forte, porque tens tudo: cheiros, cor, ruído…! É um país mesmo intenso! Nós já fomos a outros países asiáticos — Laos, Cambodja, entre outros —, mas a Índia choca-te pela sujidade e pobreza, ao mesmo tempo que tem uma riqueza e história incríveis. Depois fomos também ao Rajastão, Bombaim, Varanasi — ao rio Ganges ver os rituais funerários —, Goa… Em Goa alugámos uma mota e andámos por lá a visitar. Um dos dias fomos até Goa antiga, que tem uma série de igrejas de construção portuguesa, atrasámo-nos e viemos embora à noite, por isso andámos uma hora de mota à noite a desviarmo-nos de vacas e outros animais quando nem sequer sabíamos bem qual era a nossa estrada — aquilo é uma confusão!

O país fascinou-me pela beleza natural que tem. Fomos também a Canaima, que é o quinto maior parque natural do mundo e tem a maior cascata do mundo — o Salto del Ángel, que acabámos por visitar numa avioneta com um casal que nunca tínhamos visto na vida (risos).

Outra das tuas incríveis viagens foi à Venezuela, certo?

Em 2014 fomos à Venezuela para o casamento de uns amigos de Caracas. Naquela altura o presidente já era o Maduro e o caos já estava completamente instalado. Havia crise social, económica e o pessoal não tinha sequer coisas no supermercado. O casamento esteve mesmo para não se realizar. Caracas é uma cidade interessante, mas foi claramente o sítio onde eu tive mais receio de sair. Não que visses propriamente coisas estranhas na rua, mas havia insegurança. Nós fomos visitar o centro histórico com o pai da nossa amiga e ele disse logo: “Guarda o telemóvel, não há máquinas fotográficas, não há nada. Vês e acabou.”. Achei muita piada ao povo que, apesar de tudo, encarava aquilo de uma forma fantástica. A mãe da nossa amiga, é dentista, e chegava a casa, fazia a sua Cuba libre, punha a sua música e estava super feliz. “Nós estamos em crise, não há nada no supermercado, mas o que é que eu vou fazer? Olha, vou beber e dançar!”, dizia ela (risos). O casamento, em si, foi inacreditável! A missa foi por volta das 16h00 e depois disso fomos para os comes e bebes, mas onde só havia bebes, praticamente (risos). Portanto, a malta estava ali a malhar e a dançar (risos). Por vezes lá aparecia uma coisa qualquer mais sólida para comer, mas o pessoal queria era dançar e beber. Às 00h00 começa a chamada Hora Louca, distribuíram máscaras e era uma hora completamente louca — entraram figurantes, pessoal a fazer danças mesmo completamente fora, mas tudo incrível! Foi dos casamentos mais divertidos (risos). O país fascinou-me pela beleza natural que tem. Fomos também a Canaima, que é o quinto maior parque natural do mundo e tem a maior cascata do mundo — o Salto del Ángel, que acabámos por visitar numa avioneta com um casal que nunca tínhamos visto na vida (risos). Além disso, fomos a Los Roques, uma ilha paradisíaca.

A vossa lua de mel também foi uma viagem algo incomum (risos). Conta-nos um bocadinho dessa viagem.

Fomos à Tailândia, Laos, Cambodja e Vietname e foi espetacular. Laos foi uma grande surpresa para nós. Luang Prabang é uma cidade muito pequena, com três ruas principais e parece que está parada no tempo. Um cenário mesmo super calmo com os monges todos a passar na rua de madrugada. Cambodja é brutal, também. Pensar que estivemos no sítio onde estiveram os Khmer vermelhos mataram 1/4 da população, que era a maioria da população culta — é impressionante. É uma história chocante e está muito presente na cultura deles. Lá, qualquer pessoa tem familiares que morreram às mãos dos Khmer vermelhos. Bangkok, Tailândia, é uma cidade fascinante e cheia de movimento. Quando chegámos quisemos comer qualquer coisa leve no hotel, tipo uma sopa. A questão é que eu tenho uma particularidade: sou um menino no que toca a picante (risos). Nós pedimos a Tom Yum Soup, que eu não conhecia. Acontece que é a comida mais picante do país e provavelmente do mundo… (risos).

E já foste aos Himalaias também, certo?

Em 2013 fomos ao Nepal para fazer um trekking nos Himalaias. Foram quatro ou cinco dias sem nada (telemóveis, etc.) e sempre a subir. Fomos até aos 3 mil e tal metros, só. Podes fazer subidas muito maiores, mas aquilo é perigoso. Apercebi-me que na subida aos picos ainda morre muita gente. O início dessa viagem foi em Katmandu — que nos anos ’60 era o paraíso hippie — e aquilo é castiço (risos). Quando estive no Butão — dois ou três anos mais tarde — voltei a passar por lá e apercebi-me de uma coisa muito curiosa: embora sejam dois países vizinhos, o Nepal e o Butão são completamente diferentes. O Butão é mesmo muito calmo e Katmandu (Nepal) é o caos total.

Conta-nos só uma última viagem que tenham feito, porque já vi que tens viagens para nos contar durante imensas horas (risos).

Sim, tenho mesmo (risos). Fomos, há já alguns anos, com os uns tios meus às Ilhas Turcas e Caicos, um arquipélago nas Caraíbas que eu nem conhecia. Eles alugaram lá uma casa junto à praia e foi incrível para relaxar. Tínhamos um mordomo que perguntava o que é que queríamos almoçar, tínhamos um pequeno-almoço com vista para a praia, aula de yoga de manhã… Aquilo é mesmo um paraíso brutal. Normalmente não fazemos férias de ir para um resort, mas com os meus tios fizemos essa e fomos também noutra altura para as Maldivas — que é o sítio ideal para quem gosta de férias para estar a pastar (risos).

Qual é a tua viagem de sonho? Uma das viagens que ainda te falta fazer?

América do Sul. Argentina, Perú, Bolívia, Chile… Há muita coisa para visitar e nós ainda não conhecemos, por isso é claramente uma viagem obrigatória para nós (risos).

Entras na Bósnia e vês cemitérios por todo o lado e quando chegas a Sarajevo todos os prédios têm ainda marca de balas. Aí é que percebes que a Guerra foi mesmo há muito pouco tempo.

E Europa? Não gostas tanto ou já conheces tudo (risos)?

Europa eu não referi, porque fazemos em viagens mais curtas. Fizemos uma viagem muito porreira à Croácia, por exemplo. Aconselho esse destino. Nessa viagem fomos também até à Bósnia de comboio e foi uma viagem tipo filme do Kusturica — durou nove horas, com paragem na fronteira para pedir documentos (risos). A diferença entre Croácia e Bósnia é assustadora. Entras na Bósnia e vês cemitérios por todo o lado e quando chegas a Sarajevo todos os prédios têm ainda marca de balas. Aí é que percebes que a Guerra foi mesmo há muito pouco tempo. Essa foi uma viagem engraçada, mas temos muitas mais. Recentemente fomos à Escócia, que tem paisagens naturais absolutamente fantásticas. Mas viagens na Europa fazemos mais em fins de semana prolongados e assim.

Estamos na Casa da Música. Por que é que escolheste este local para termos esta conversa?

Olha, eu vivo aqui muito perto. Isso faz com que o bar da Casa da Música seja um sítio prático para ir tomar um café. Além disso, representa também um lado cultural que prezo muito e sempre que podemos vimos também a concertos cá ou a atividades do serviço educativo com a Carmo. É um sítio marcante, também, porque foi onde viemos jantar no dia anterior à Carmo nascer (risos).

E o que é que fazes num dia normal quando sais do trabalho?

Olha, desde que fui pai tento sair mais cedo — e faço questão disso — para ter tempo de qualidade com a Carmo e com a Joana. Antes da pandemia também tomava um copo com amigos, agora bem menos (risos). Mas no fundo é passar tempo com a minha família.

E desporto? Costumas praticar?

Sim, sim. Normalmente é de manhã, porque me rende muito mais. Costumo correr e fazer ginásio logo pela manhã, umas duas ou três vezes por semana, diria.

Tens alguma pessoa que tenha marcado a tua vida particularmente?

Hmmm, tenho muitas. Não queria deixar aqui pessoas de fora (risos). Tenho os meus pais e a minha irmã, claro. A Joana, a minha mulher, por motivos óbvios, e a Carmo. Um filho passa a ser o foco principal, porque é uma coisa tão pequena e tão dependente… É um sentimento difícil de descrever, isto para evitar entrarmos aqui numa entrevista tipo Daniel Oliveira (risos). Ter um filho é diferente de tudo o resto.

*Agradecemos Casa da Música pela disponibilidade e amabilidade com que nos receberam para fotografarmos no seu espaço.*

Share Article