“Não fazemos investimentos por impulso sem analisar como as partes poderão trabalhar em conjunto.”

Na rubrica “Open Doors” damos a conhecer os nossos centros de inovação internacionais, parceiros externos e investidores que potenciam a comunidade UPTEC. Este mês, falámos com Sofia Santos e Rita Sousa, Partners da Faber, e conversámos sobre investimentos, o mindset que as startups devem ter para atrair capital, a ligação a ecossistemas de inovação e os apoios para fundadores  oriundos da academia.

Sofia Santos || Partner  – Faber
Rita Sousa || Partner – Faber Blue Pioneers Fund

A Faber é uma empresa de capital de risco, que investe em empreendedores que inovam na interseção da ciência e tecnologia para impulsionar a transformação digital e a ação climática. A empresa combina um foco especializado em startups deep tech em estágio inicial com fundos dedicados, equipas de investimentos e consultores especializados para ajudar ativamente os fundadores a construir empresas globais.


A Faber investe em startups de que áreas de atividade e em que fase do negócio?

A Faber tem como missão investir em empresas em fase inicial (pre-seed e seed) que estão a aplicar tecnologia complexa e proprietária para resolver os grandes problemas industriais e sociais que vão marcar as próximas décadas. Atualmente, a estratégia dos fundos da Faber foca-se em dois grandes eixos de mudança e inovação: a transformação digital (startups que trabalham os dados e inteligência artificial ou estão a criar nova infraestrutura da web – web3) e área do clima e oceanos (startups que desenvolvem tecnologias emergentes para resolver os problemas resultantes das alterações climáticas e impactar positivamente a sustentabilidade dos oceanos).

Quais as características que a Faber mais valoriza numa startup?

O foco em tecnologia complexa/deeptech de alto de valor acrescentado e elevado grau de defensibilidade para atacar uma oportunidade de grande escala.
Equipa com experiência/competências sólidas tanto a nível técnico como a nível de liderança de negócio, em que a mentalidade de crescimento global rápido e de longo prazo é crucial.
O alinhamento dos projetos com impacto positivo, nomeadamente no contexto do nosso fundo de “climate / ocean tech” e relacionado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 13 e 14.

Para a Faber, qual a importância da ligação a ecossistemas de inovação e empreendedorismo, como a UPTEC?

Uma das bases mais importantes para desenvolvermos o nosso trabalho como investidores é confiar que há estruturas como a UPTEC que constituem o primeiro suporte da comunidade académica/universitária e de inovação para conseguirem dar os primeiros passos ao arrancarem com os seus projetos.
A nossa intenção e motivação para colaborar com a UPTEC nas mais diferentes instâncias é total e reconhecemos grande mérito nos projetos que a UPTEC tem gerado e apoiado.

Que atividades é que a Faber desenvolve para novos empreendedores, como investigadores que estão a lançar um negócio?

Em fase de pré-investimento e na perspetiva de criar valor para a comunidade de empreendedores, a nossa colaboração é ativa em diferentes formatos como sessões de mentoring, de pitching e de caráter formativo com os mais diferentes players, nos quais se inclui a UPTEC (Universidades, incubadoras/aceleradoras, grupos de investigação).
Adicionalmente, também temos um espaço de Open Office reservado para fundadores da academia ou estudantes para aconselhamento mais individualizado.
Durante o processo de avaliação de um investimento, nomeadamente em pre-seed, grande parte do tempo que dedicamos é a trabalhar como os fundadores (académicos ou não) para compreender melhor o potencial da equipa e principais áreas de evolução e para desenhar um
desenvolvimento plano pós investimento. Mesmo que o investimento não se concretize as sessões são sempre uma oportunidade de aprendizagem e feedback construtivo para ambas as partes e consideramos muito importante.  Não investimos por impulso sem analisar como ambas as partes poderão trabalhar evolutivamente em conjunto.
No pós-investimento e além da experiência acumulada a trabalhar com múltiplas equipas de empreendedores nos últimos anos, recorremos a uma rede especializada de “advisors” com um conjunto de valências específicas nas nossas áreas temáticas de investimentos, quer de
startups mais maduras, quer da indústria ou da academia, com quem colaboramos para ajudar os empreendedores a maximizar a sua probabilidade de sucesso.

Durante os processos de investimentos, destacam alguma história peculiar ou momento com startups, cujo desfecho acabou por ser bem-sucedido?

Num processo de avaliação de investimento de um projeto acontecem alguns momentos caricatos, muitas das vezes por nervosismo ou inexperiência dos fundadores podem-se cometer algumas gaffes ou não conseguir passar bem a mensagem.  O mais importante é que os empreendedores tenham capacidade e humildade para aprender e evoluir rápido, dar a volta à situação reforçando que são uma equipa fora de série e com a ambição de mudar o mundo com a sua tecnologia e, claro, de ambas as partes a mentalidade para recomeçar a reunião ou relação sem medos e com boa disposição.

Share Article